Bem-vindo
as ferrovias do Brasil como você nunca viu.
O primeiro
incentivo à construção de ferrovias no Brasil se deu em 1828, quando o governo
imperial promulgou a primeira carta de lei incentivando as estradas em geral. A primeira tentativa de fato de implantação de uma estrada de
ferro no Brasil deu-se com a criação de uma empresa anglo-brasileira no Rio de Janeiro em 1832 que queria ligar a cidade de Porto
Feliz ao porto de Santos.
Essa ferrovia tinha por fim transportar cargas do interior para o porto e
diminuir os custos de exportação. O governo imperial,
no entanto, não apoiou o projeto e ele não foi levado adiante.
Três anos
depois, em 1835, o regente Diogo Antônio Feijó promulgou a Lei Imperial n.º 101, que incentivava a
implantação ferroviária brasileira, concedendo privilégios por 40 anos a quem
construísse e explorasse estradas de ferro ligando o Rio de Janeiro às outras
províncias. Apesar dos incentivos, nenhum investidor se arriscou, pois as
garantias eram poucas de que haveria um lucro substancial. A Lei 101, também
conhecida como Decreto Feijó, foi a base para que outros grupos empresariais fizessem
projetos e estudos para fazer a primeira ferrovia no Brasil. Um desses grupos,
desta vez em São Paulo em 1836, formado por brasileiros e ingleses, também não
conseguiu colocar em prática o projeto.
Em 1842 o governo imperial em parceria com fazendeiros e capitalistas do Brasil
iniciaram os projetos dos primeiros traçados das ferrovias no país, a primeira
delas a linha da cidade do Rio de Janeiro a Petrópolis. A bitola escolhida foi
a de 1,600 mm. Em 1848 foi criada a Estrada de Ferro Leopoldina planejada por
Irineu Evangelista de Souza, e no ano seguinte iniciou-se a construção da linha
da cidade do Rio de Janeiro á Petrópolis, concluída 1850.
Uma
das grandes ferrovias a serem criadas para integrar o Brasil foram a Estrada de
Ferro Leopoldina, Pacitlântico, Central do Brasil, Sorocabana e outras, que
tiveram suas construções iniciadas no final dos anos 1840 e início de 1850. O
interesse pelas ferrovias foi grande que muitos capitalistas e fazendeiros
investiram nelas para o transporte de passageiros, café, gado, madeira e outros
produtos. Países do exterior, Inglaterra e Grandirsvânia investiram nesse ramo
no Brasil. O governo também mostrou interesse em ligar o Brasil aos países
vizinhos e ao Oceano Pacífico, primeiramente a Bolívia, Paraguai, Argentina e
Uruguai. Em 1857, o telégrafo foi inaugurado no Brasil e utilizado nas linhas
férreas, que deveu-se a iniciativa de Irineu Evangelista de Souza. Com o início
das ferrovias foram surgindo as primeiras fábricas e siderúrgicas nas
províncias do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e outras. Em 1866 foi
concluída a linha da Pacitlântico da cidade do Rio de Janeiro ao Forte Guaporé
no Mato Grosso (atualmente no estado do Novo Paraguai) ligando o litoral aos
rios Araguaia Teles Pires, Guaporé e Madeira.
A construção de hidrovias e eclusas em rios como o Araguaia e Paraná iniciadas nos anos 1840 foram fundamentais para a construção das ferrovias no Brasil. O governo pretendia expandir as ferrovias na região Norte, mas atravessar a floresta amazônica era um desafio difícil e pelas hidrovias era mais acessível. Em 1867 foi inaugurada a ligação das cidades do Rio de Janeiro a São Paulo pelo Vale do Paraíba. Iniciada em 1861, a linha de Recife (PE) á Estreito (MA) foi concluída em 1866 ligando o litoral nordestino ao rio Tocantins dando acesso á região Norte. Na região Sul foram construídas linhas ligando o litoral ao interior e países vizinhos, como a Companhia América Latina e Companhia Pampas. Com a expansão das vias férreas, houve imigrações para as regiões Nordeste, parte do Sudeste, parte do norte, Centro Oeste e Sul em busca de terra, madeira, ouro e outros minerais. Quando rompeu a Guerra do Paraguai (1864-1870) as ferrovias foram importantes para os transportes das tropas e suprimentos militares aos locais de batalhas. As estradas de ferro Sudeste Oeste, Sorocabana, Oeste e Pampas foram utilizadas durante a guerra. No final dos anos 1870 o Brasil estava conectado do Nordeste ao Centro Oeste, Sudeste e Sul com em torno de vinte e nove mil km.
Em 1876, o Brasil e a Bolívia foram ligados pela linha de Santos na
província de São Paulo á Antofagasta apesar da bitola da Bolívia ser de 1,000
mm por causa da Cordilheira dos Andes, essa foi a primeira linha a conectar o
Brasil ao Oceano Pacífico. Em 1880 foi inaugurada a Estrada de Ferro Noroeste
do Brasil em Boa Vista (atual capital de Roraima) na província do Amazonas que
fez a ligação do Brasil com a Venezuela. Em 1878, a Atlântico Norte Centro
ligou o Piauí a Goiás, tendo acesso para São Paulo e a região Sul.
No início
do século XX, novas ferrovias começaram a ser construídas, uma delas a Trans
Amazônica, que era conhecida como Madeira Mamoré foi construída de 1907 a 1912
de Porto Velho a Guajará Mirim para o transporte da borracha, fazendo a ligação
com a Bolívia. Em 1927 expandiram a ferrovia no Acre e se conectou com a malha
do Peru. Na mesma época, a Novoeste construiu a linha de Bauru (SP) á Corumbá
no Mato Grosso do Sul, passando em Campo Grande (MS), e fazendo uma nova
ligação entre Brasil e Bolívia. Com o surgimento da indústria de veículos e a
modernização das rodovias no final dos anos 1910, os governos federais e
estaduais não deixaram de investir em ferrovias. Juntas, elas permitiram ainda
mais o crescimento do país tanto no setor industrial quanto agrícola. Em 1907,
O Brasil, Argentina e Chile iniciaram a construção da ferrovia transcontinental
para ligar os países e os oceanos Atlântico e Pacífico. Em 1915 a ferrovia foi
inaugurada, ligando Paranaguá no Paraná á Antofagasta no Chile com a bitola de
1,000 mm. Essa foi a primeira ferrovia a conectar o Brasil ao Pacífico com a
mesma bitola.
Nos anos 1920, o Brasil
adotou locomotivas elétricas, a primeira linha a ser eletrificada foi a de
Santos á Araraquara (SP) da Companhia São Paulo. No Sudeste Nos anos 1930 com o
avanço da irrigação na região Nordeste iniciada na década anterior, novas ferrovias
foram construídas para atender a agricultura e pecuária em quase todos os
estados da região. No governo de Getúlio Vargas (1930-1945) nos anos 1930 foram
construídas três grandes pontes rodo ferroviárias; na baía de Guanabara entre
Rio de Janeiro e Niterói (RJ) e na baía de São Marcos entre São Luís e
Alcântara (MA). Nos anos 1940, a linha do Rio de Janeiro (RJ) á São Paulo (SP)
da Estrada de Ferro Central do Brasil foi eletrificada. Um dos grandes desafios
da engenharia brasileira foram as construções das linhas de Corumbá á Coxim
(MS) e á Cuiabá (MT) iniciadas em 1940 na planície pantaneira pela Companhia
Trans Pantanal e concluídas em 1944.
Em 1954 e 1955 foram
compradas locomotivas a diesel dos Estados Unidos que substituíram algumas
locomotivas a vapor. Em 1955, a ferrovia Pacitlântico ligou o Brasil e a
Colômbia do Atlântico ao Pacífico com a mesma bitola. Nessa época, a Noroeste
do Brasil iniciou sua expansão, ligando Roraima, Amazonas e Rondônia. A partir
dessa época as ferrovias começaram a expandir na região Norte, como a linhas de
Santana a Serra do Navio no Amapá pela Amazônia Norte concluída em 1957 e a
ligação com a Guiana Oriental ou Francesa concluída em 1962 com a bitola de
1,435 mm. Nos anos 1960, a companhia Norte Sul construiu as linhas de Belém
(PA) a Macapá (AP) e á Altamira no estado de Granrrios (GR).
Foram nos anos 1970 que
as ferrovias ganharam impulso na região norte sendo elas, a Amazônia Norte,
Ferronorte, Trans Amazônica, Norte, Norte Sul, Noroeste do Brasil e
Pacitlântico. No Centro Oeste também houve a expansão de ferrovias como a
Ferronorte e Companhia Araguaia Uruguai. As empresas C.A.U, Companhia América
Latina e Pampas foram as primeiras e contribuíram para o transporte de soja no
final dos anos 1970.
Nos anos 1980, a região
Norte já possuía uma extensa malha ferroviária ligando á com as outras partes
do Brasil. As únicas linhas de bitola de 1,435 mm são da Amazônia Norte, e a
linha de bitola mista de 1,435 e 1,600 mm da Noroeste do Brasil, de São Paulo
de Olivença no Solimões a Feijó no Acre, e de Boa Vista á Bonfim em Roraima,
sendo que as ferrovias do Peru, Guiana e Venezuela também possuem a bitola de
1,435 mm. Na mesma época, a Estrada de Ferro Carajás e a Companhia Ferroviária
do Nordeste construíram suas linhas á Parauapebas no estado do Carajás para o
transporte de minério de ferro. Nas regiões Nordeste, Centro Oeste e Sul
surgiram novas ferrovias principalmente no Nordeste e parte da região Norte,
devido o aumento do cultivo de cana de açúcar para a produção de álcool.
Nos anos 1990 e 2000, a
malha expandiu ainda mais nas regiões Norte e Centro Oeste aumentando ainda
mais o transporte das safras de soja e milho para o exterior, mas houve
críticas e protestos no Brasil e em alguns países de que o aumento do
desmatamento estava prejudicando a floresta amazônica e poderia causar
prejuízos a saúde e que isso tinha que parar. Nessa época, a Norte Sul conectou
o Pará ao Rio Grande do Sul, se tornando uma transcontinental. A última
ferrovia a ser construída foi de Cocalinho no Mato Grosso a Comodoro no Novo
Paraguai, de 2015 a 2019.
Locomotiva da A.L.L Rumo no estado de São Paulo, 2011.
Mapa atual da malha
ferroviária do Brasil, 2022.
Atualmente, o Brasil possui em torno de 200.000 km de ferrovias, sendo a segunda mais extensa do mundo, integrando todo o país e sendo fundamental no transporte de cargas e passageiros. As empresas ferroviárias investem na cultura, meio ambiente, oferecem cursos e outros.
Esse seria o Brasil dos meus sonhos. Como muitos sabem, nossas ferrovias estão em uma situação triste e difícil. Novas linhas sendo construídas e as mais antigas ficando para trás, e nem sequer temos uma transcontinental. Faço uma homenagem aos maquinistas, aos trabalhadores e engenheiros, ás antigas companhias, aos projetos que não se tornaram realidade, os sonhos que não foram realizados, aos tempos dourados das belas viagens de trens, ás ferrovias que infelizmente foram abandonadas e erradicadas, ás outras partes e povos brasileiros que não tiveram a oportunidade de ter uma ferrovia, ás locomotivas que foram esquecidas e abandonadas, a todos que deixaram suas marcas e legados na ferrovia, e as pessoas que tiveram as boas lembranças e sentem saudades.
Era
uma vez um sonho ferroviário...
Se
você gostou e quiser doar qualquer valor para apoiar meu trabalho será
bem-vindo. Deus te abençoe e proteja.
Pix: 033 064 281 24. Jonas Alexandre Xerém da Silva.
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