Olá pessoal. Essa é a história real e imaginária da Novoeste, pois modifiquei a bitola e acrescentei uma linha a mais. Também coloquei algumas imagens para representar a companhia.
Nome: Novoeste.
Tempo de operação: 1904-2002.
Bitola: 1,600 mm.
Extensão: 1.699 km.
Transporte:
Ferroviário, cargas e passageiros.
Sede: Bauru, São Paulo.
Local: Brasil.
Áreas: São Paulo e Mato
Grosso do Sul.
Mapa das ferrovias da Novoeste.
Desde o Segundo reinado (meados
do século XIX) se discutia a
construção de uma ligação férrea do longínquo Mato Grosso ao litoral
brasileiro. Até então o acesso poderia ser feito exclusivamente por navegação
pela bacia platina, o que dependia de relações com a Argentina e o Paraguai. A Guerra do Paraguai/Tríplice Aliança (1864-1870) evidenciou a
crítica falta de meios de transporte àquela região. Um exemplo foi o primeiro
contingente brasileiro enviado após a declaração de guerra (confira no artigo
sobre A retirada da Laguna), que demorou oito meses para
percorrer os mais de dois mil quilômetros entre a Capital Imperial e a vila de Coxim, na então
província do Mato Grosso. Quando a coluna
militar chegou ao seu destino, este já estava abandonado e queimado pelos
paraguaios.
Assim, cogitaram-se
vários planos para a construção de uma ferrovia. Um dos traçados imaginados (1871) foi entre Curitiba e Miranda, que seria concedido ao Barão de Mauá, entretanto nem
sequer foi aprovado ser executado.
Em 1904 foi criada
a Companhia Estrada de Ferro Novoeste do Brasil, para quem então a
concessão foi transferida. Assim, sob seu patrocínio, o Clube de Engenharia do
Rio de Janeiro divulgou parecer técnico, sugerindo que a nova ferrovia deveria
partir da então vila de São Paulo dos Agudos (localidade já alcançada pelas linhas tanto da Paulista quanto
da E.F. Sorocabana).
Como o traçado da
Sorocabana já estava na iminência de alcançar a vila de Bauru, decretou-se
então que a Novoeste deveria partir dos trilhos da Sorocabana em direção a
Cuiabá.
O início da
empreitada
Destarte, em julho
de 1905, iniciou-se em
Bauru a construção da Linha Tronco
(Estrada de Ferro Novoeste do Brasil). A inauguração do primeiro trecho se
deu em 29 de setembro de 1906, até Lauro Müller
(km 92), no atual município de Guarantã. A construção foi prosseguindo gradativamente.
Em seguida (1908), a concessão foi
dividida em duas partes: a primeira entre Bauru e Itapura (próximo à
foz do Rio Tietê), e a segunda
entre Itapura e Corumbá. A primeira parte não se alterou. Já a segunda passou a
figurar juridicamente como domínio da União, embora devesse
ser construída pela própria Companhia E. F. Novoeste do Brasil e arrendada à mesma por
sessenta anos.
Bauru-Itapura
Mapa provavelmente da década de 1920, mostrando a linha-tronco da época
(posterior Ramal de Lussanvira) e a construção da Variante
de Jupiá, que se tornou o atual tronco.
Ainda quanto ao
trecho Bauru-Itapura, Araçatuba foi
inaugurada em 2 de dezembro de 1908 e dali a
linha tomou rumo à margem esquerda do Rio Tietê, prosseguindo a Oeste rente ao leito do mesmo até
finalmente atingir Itapura no início
de 1910.
A Variante de Jupiá e
o Ramal de Lussanvira
A margem do Rio Tietê, onde aventurou-se
a ferrovia após Araçatuba até Itapura, era região infestada de malária e
outras doenças tropicais, algo que no início do século XX preocupava
muito. Assim, a partir da década de 1920, iniciou-se a construção da Variante
de Jupiá, mais ao Sul, seguindo o
espigão divisor de águas dos rios Aguapeí (ou Feio) e Tietê.
A variante foi
completada em 1940, quando então
passou a ser considerada linha-tronco. A partir de então, os trilhos entre a
estação de Lussanvira e o novo tronco (incluídos os
das estações Ilha Seca, Timboré e Itapura) foram arrancados. O trecho de Araçatuba a Lussanvira tornou-se o Ramal de
Lussanvira. O ramal funcionou até por volta de 1962, quando finalmente
foi extinto e seus trilhos arrancados. A estação foi submersa pelo lago
da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos em 1990.
Itapura-Corumbá
Em maio de 1908 iniciou-se
então a construção da ferrovia Itapura-Corumbá. Duas equipes trabalharam
simultaneamente nas duas extremidades, a partir de Itapura e a partir de Corumbá.
A ligação foi feita em 1914, nas proximidades
da estação então convenientemente denominada Ligação.
Foram construídas
as grandes pontes nos rios Paraná e Paraguai, um grande desafio da engenharia
brasileira que possibilitou uma ligação com a Bolívia.
Os ramais de Ponta
Porã e Esperança do Oeste.
Os Ramais de
Ponta Porã e Esperança do Oeste foram construídos de 1936 a 1944, bifurcando-se
da linha-tronco na estação de Indubrasil, no município de Campo Grande.
Em 2002, a Novoeste foi
adquirida pela Ferrovia Bandeirantes.
Em homenagem á Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, aos construtores, maquinistas e aos que tanto sonharam com a transcontinental Santos Arica... que infelizmente nunca se tornou realidade.
Pix:
033 064 281 24. Jonas Alexandre Xerém da Silva.