sexta-feira, 21 de março de 2025

História real e imaginária da Novoeste. Jonas Alexandre Xerém da Silva - JAXS.

 


Olá pessoal. Essa é a história real e imaginária da Novoeste, pois modifiquei a bitola e acrescentei uma linha a mais. Também coloquei algumas imagens para representar a companhia. 

 

Nome: Novoeste.

Tempo de operação: 1904-2002.

Bitola: 1,600 mm.

Extensão: 1.699 km.

Transporte: Ferroviário, cargas e passageiros.

Sede: Bauru, São Paulo.

Local: Brasil.

Áreas: São Paulo e Mato Grosso do Sul.


Mapa das ferrovias da Novoeste.

Desde o Segundo reinado (meados do século XIX) se discutia a construção de uma ligação férrea do longínquo Mato Grosso ao litoral brasileiro. Até então o acesso poderia ser feito exclusivamente por navegação pela bacia platina, o que dependia de relações com a Argentina e o Paraguai. A Guerra do Paraguai/Tríplice Aliança (1864-1870) evidenciou a crítica falta de meios de transporte àquela região. Um exemplo foi o primeiro contingente brasileiro enviado após a declaração de guerra (confira no artigo sobre A retirada da Laguna), que demorou oito meses para percorrer os mais de dois mil quilômetros entre a Capital Imperial e a vila de Coxim, na então província do Mato Grosso. Quando a coluna militar chegou ao seu destino, este já estava abandonado e queimado pelos paraguaios.

Assim, cogitaram-se vários planos para a construção de uma ferrovia. Um dos traçados imaginados (1871) foi entre Curitiba e Miranda, que seria concedido ao Barão de Mauá, entretanto nem sequer foi aprovado ser executado.

Em 1904 foi criada a Companhia Estrada de Ferro Novoeste do Brasil, para quem então a concessão foi transferida. Assim, sob seu patrocínio, o Clube de Engenharia do Rio de Janeiro divulgou parecer técnico, sugerindo que a nova ferrovia deveria partir da então vila de São Paulo dos Agudos (localidade já alcançada pelas linhas tanto da Paulista quanto da E.F. Sorocabana).

Como o traçado da Sorocabana já estava na iminência de alcançar a vila de Bauru, decretou-se então que a Novoeste deveria partir dos trilhos da Sorocabana em direção a Cuiabá.

O início da empreitada

Destarte, em julho de 1905, iniciou-se em Bauru a construção da Linha Tronco (Estrada de Ferro Novoeste do Brasil). A inauguração do primeiro trecho se deu em 29 de setembro de 1906, até Lauro Müller (km 92), no atual município de Guarantã. A construção foi prosseguindo gradativamente.

Em seguida (1908), a concessão foi dividida em duas partes: a primeira entre Bauru e Itapura (próximo à foz do Rio Tietê), e a segunda entre Itapura e Corumbá. A primeira parte não se alterou. Já a segunda passou a figurar juridicamente como domínio da União, embora devesse ser construída pela própria Companhia E. F. Novoeste do Brasil e arrendada à mesma por sessenta anos.

Bauru-Itapura


Mapa provavelmente da década de 1920, mostrando a linha-tronco da época (posterior Ramal de Lussanvira) e a construção da Variante de Jupiá, que se tornou o atual tronco.

Ainda quanto ao trecho Bauru-Itapura, Araçatuba foi inaugurada em 2 de dezembro de 1908 e dali a linha tomou rumo à margem esquerda do Rio Tietê, prosseguindo a Oeste rente ao leito do mesmo até finalmente atingir Itapura no início de 1910.

A Variante de Jupiá e o Ramal de Lussanvira

A margem do Rio Tietê, onde aventurou-se a ferrovia após Araçatuba até Itapura, era região infestada de malária e outras doenças tropicais, algo que no início do século XX preocupava muito. Assim, a partir da década de 1920, iniciou-se a construção da Variante de Jupiá, mais ao Sul, seguindo o espigão divisor de águas dos rios Aguapeí (ou Feio) e Tietê.

A variante foi completada em 1940, quando então passou a ser considerada linha-tronco. A partir de então, os trilhos entre a estação de Lussanvira e o novo tronco (incluídos os das estações Ilha SecaTimboré e Itapura) foram arrancados. O trecho de Araçatuba a Lussanvira tornou-se o Ramal de Lussanvira. O ramal funcionou até por volta de 1962, quando finalmente foi extinto e seus trilhos arrancados. A estação foi submersa pelo lago da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos em 1990.

Itapura-Corumbá

Em maio de 1908 iniciou-se então a construção da ferrovia Itapura-Corumbá. Duas equipes trabalharam simultaneamente nas duas extremidades, a partir de Itapura e a partir de Corumbá. A ligação foi feita em 1914, nas proximidades da estação então convenientemente denominada Ligação.


Foram construídas as grandes pontes nos rios Paraná e Paraguai, um grande desafio da engenharia brasileira que possibilitou uma ligação com a Bolívia.

Os ramais de Ponta Porã e Esperança do Oeste.

Os Ramais de Ponta Porã e Esperança do Oeste foram construídos de 1936 a 1944, bifurcando-se da linha-tronco na estação de Indubrasil, no município de Campo Grande.





Em 2002, a Novoeste foi adquirida pela Ferrovia Bandeirantes.


Em homenagem á Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, aos construtores, maquinistas e aos que tanto sonharam com a transcontinental Santos Arica... que infelizmente nunca se tornou realidade.

 Se você gostou e quiser doar qualquer valor para apoiar meu trabalho será bem-vindo. Deus te abençoe e proteja.

Pix: 033 064 281 24. Jonas Alexandre Xerém da Silva.









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