A Força Expedicionária Brasileira (FEB), conhecida
como Cobras Fumantes, foi uma divisão militar do Exército e da Força Aérea
Brasileira que entrou em
combate como parte das Forças Aliadas no Teatro Mediterrâneo da Segunda
Guerra Mundial. Contava
com cerca de 25,9 mil homens, uma divisão de infantaria completa, esquadrilha de ligação e esquadrão de caças.
Na Era Vargas foi o único país
sul-americano independente a enviar tropas de combate ao exterior durante a
Segunda Guerra Mundial. Conhecida por sua tenacidade e bravura, a FEB era
bem vista tanto por aliados quanto por adversários; serviu com distinção por
várias batalhas, principalmente em Collecchio, Camaiore, Monte Prano e Vale do Serchio. A
Marinha e a Força Aérea do Brasil tiveram posições importantes na proteção da
navegação aliada e na paralisação do poder marítimo do Eixo, infligindo perdas
desproporcionalmente elevadas às munições, suprimentos e infraestrutura
inimigas.
Em 1939, iniciou-se a Segunda
Guerra Mundial, o Brasil
decidiu ficar neutro, numa continuação da política do presidente Getúlio Vargas de não se definir por nenhuma das grandes
potências, somente tentando se
aproveitar das vantagens propostas por elas. Tal "pragmatismo" foi interrompido no início de 1942, quando os Estados Unidos e o governo brasileiro acertaram a cessão
de bases aéreas na ilha de Fernando de
Noronha e ao longo da
costa norte-nordeste brasileira para o recebimento de bases militares
estadunidenses (caso as negociações não tivessem efetuado resultado, com
Vargas e os militares insistindo em manter a neutralidade, os EUA tinham planos para invadir o nordeste brasileiro, com o codinome Plan Rubber).
Em janeiro de 1942 iniciou-se uma série de torpedeamentos de navios
mercantes brasileiros por submarinos ítalo-alemães na costa litorânea brasileira, numa
provocação idealizada pelo próprio Adolf Hitler, que visava isolar o Reino Unido, impedindo-o de receber os suprimentos (equipamentos, armas
e matéria-prima) exportados do continente
americano (como consta nos
diários de Goebbels e nas memórias do almirante Donitz). Considerados vitais para o esforço de
guerra dos Aliados, estes
suprimentos a partir de 1942 via Atlântico
norte, se destinavam também
à então União Soviética.
Porém, a opinião pública não permitiu se confundir. Comovida pelas
mortes de civis e instigada também pelos pronunciamentos provocativos e
arrogantes, emitidos pela Rádio de Berlim, passou a exigir que o
Brasil reconhecesse o estado de beligerância com os países do Eixo. O que só
foi oficializado no final de agosto do mesmo ano, quando foi declarada guerra
à Alemanha
nazista e à Itália
fascista. Após a
declaração de guerra, diante da contínua passividade do então governo, a mesma
opinião pública passa a se mobilizar para o envio à Europa de uma força
expedicionária como contribuição à derrota do fascismo. É notória a mobilização do Partido
Comunista Brasileiro e
da União
da Juventude Comunista para
a inserção do Brasil na guerra, tendo orientado seus militantes a priorizarem a
luta antifascista e apresentar-se como voluntários após a realização do VII
congresso da Internacional
Comunista e da Conferência
da Mantiqueira. Posteriormente organizaram-se células comunistas na FEB,
que contava com a participação de dois dirigentes nacionais do PCB (Salomão Malina e Jacob Gorender) e lutaram tanto na Guerra
Civil Espanhola quanto
na Resistência
Francesa.
Rotas aéreas entre Brasil e Estados Unidos.
Naquele ano de 1942, o
exército brasileiro envio os soldados de clima quente para o estado do Rio
Grande do Sul durante o inverno com o objetivo de prepará-los para o rigoroso
inverno europeu. Na época, a produção agrícola brasileira e industrial haviam
crescido ainda mais, o que foi importante para a produção de alimentos e
suprimentos para enviados aos soldados.
Em 9 de agosto de 1943 foi criada a FEB através da Portaria Ministerial Nº
4 744, após o Brasil ter declarado guerra as potências do Eixo. A denominação da época utilizada pelo exército
americano; a composição dos
elementos terrestres da FEB se subdividia em Três Regimentos de Infantaria (equivalente ao que se classifica contemporaneamente
como Brigada). Estes eram: o 6º Regimento de Infantaria de Caçapava, o 1º Regimento de Infantaria, baseado na então capital federal, Rio de
Janeiro, e o 11º Regimento de Infantaria de São João
del Rey. Dentro destes, com o
total se abrigavam nove companhias de fuzileiros.
A 1ª etapa da campanha da FEB na Itália teve início no mês de setembro de 1944; com seu primeiro contingente a chegar à Itália (o 6º regimento) atuando junto com o 371º regimento afro-americano e outras unidades americanas menores (principalmente as de apoio da 1ª divisão blindada), formando a Task Force 45, liberando da ocupação alemã o Vale do rio Serchio (ao norte da cidade de Lucca, datando desta época suas primeiras vitórias ainda em setembro, com as tomadas de Massarosa, Camaiore e Monte Prano), e a maior parte da região de Gallicano-Barga, onde sofreu seus primeiros reveses.
A princípio, a partir de novembro daquele ano, já atuando como uma Divisão completa; por seu desempenho na 1.ª etapa foi deslocada para o leste da ala do V Exército estadunidense com a missão de expulsar dos Apeninos setentrionais as tropas alemãs que através do fogo de artilharia, dessas posições impediam o avanço dos aliados no setor principal da frente italiana sob responsabilidade do VIII Exército britânico (localizado entre o centro da Itália e o mar Adriático).
No rigoroso inverno entre 1944 e 1945, nos Apeninos a FEB enfrentou temperaturas de até vinte graus negativos, não
contando a sensação térmica. Muita neve, umidade e contínuos ataques de caráter
exploratório por parte do inimigo, que através de pequenas escaramuças
procurava tanto minar a resistência física, quanto a psicológica das tropas
brasileiras, não acostumadas às baixas temperaturas. Condições climáticas e
reações físicas se somavam aos mais de três meses de campanha ininterrupta, sem
cessar para recuperação. Ocorreram ainda possíveis pontos fracos no setor
ocupado pelos brasileiros para uma contraofensiva no inverno. No entanto, neste
aspecto, a atitude involuntariamente agressiva das duas tentativas de tomar Monte
Castello no final de 1944, somada à atitude voluntária de responder às
incursões exploratórias do inimigo no território ocupado pela FEB, com
incursões exploratórias da FEB realizadas em território inimigo, fez com que os
alemães e seus aliados escolhessem outro setor da frente italiana, ocupada
pela 92ª divisão estadunidense, para sua contraofensiva.
Na 1ª semana de abril de 1945 iniciou-se a fase final da ofensiva de
primavera com objetivo de romper definitivamente esta linha de defesas, que
recuara constantemente desde setembro do ano anterior, mas impedia o avanço das
tropas aliadas na Itália rumo à Europa Central. No 1º dia da ofensiva no setor
do IV Corpo do V Exército estadunidense,
ao qual a FEB estava incorporada (iniciada uma semana após o início da ofensiva
no setor do VIII
Exército britânico, que
seguia sem progressos); após sem grandes dificuldades ter sustado o ataque
aliado principal naquele setor, efetuado pela 10ª Divisão de Montanha
americana, causando expressivas baixas naquela unidade estadunidense; os
alemães cometeram um erro ao considerar o ataque da divisão brasileira à região de Montese (que neste ataque, além do apoio de
blindados americanos, também utilizou seus próprios carros de combate M8, M4 e M10); como sendo o principal alvo
aliado naquele setor; tendo por conta disso disparado somente contra a FEB
cerca de 1,8 mil tiros de artilharia (64%) do total dos 2,8 mil tiros empregados
contra todas as 4 divisões aliadas naquele setor da frente italiana, nos
dias de luta que se seguiram pela posse daquela localidade (no que foi o
combate mais sangrento travado pela FEB).
Com o fracasso alemão em tentar retomar Montese e o consequente avanço
das tropas das 10ª Divisão de Montanha e 1ª Divisão Blindada estadunidenses,
efetivou-se o desmoronamento das defesas germânicas naquele setor central, do
ponto de vista geográfico, embora secundário estrategicamente, ficando claro a
impossibilidade por parte das tropas alemãs de manterem a partir daquele
momento a linha gótica, tanto no setor terciário a oeste, próximo ao Mar da Ligúria, quanto no setor principal à leste, próximo
ao Mar
Adriático.
Antes da rendição das forças alemãs ser oficializada a 2 de maio de 1945, a 148ª divisão foi a única divisão alemã capturada integralmente, incluindo seu comando, por uma força aliada (no caso, a 1ª Divisão Brasileira) durante toda a campanha da Itália. Pois desde a invasão da Sicília em julho de 1943 até a ofensiva na primavera de 1945, todas as demais divisões alemãs, independente das perdas sofridas, conseguiram se retirar ao norte sem se renderem.
A FEB continuou ininterruptamente duzentos e trinta e nove dias
em combate. Como exemplo de comparação, das quarenta e quatro divisões
americanas que combateram nos teatros
de operações do norte
da África e Europa (frentes italiana e ocidental) entre novembro de 1942 e maio de 1945, apenas doze estiveram
ininterruptamente mais dias em combate que a divisão brasileira.
O Brasil perdeu nesta campanha, mortos em ação, quatrocentos e
cinquenta e quatro homens do exército, e cinco pilotos da força
aérea. A
divisão brasileira ainda teve cerca de duas mil mortes decorrentes dos
ferimentos de combate, e mais de doze mil baixas em campanha por mutilação ou
outras diversas causas incapacitantes para a continuidade no campo de batalha. Tendo assim, somadas as
substituições, turnos e rodízios, dos cerca de vinte e cinco mil homens
enviados, mais de vinte e dois mil participado das ações. O que, incluso mortos
e incapacitados, deu uma média de 1,7 homens usados para cada posto de combate,
um grau de aproveitamento apreciável se comparado ao de outras divisões que
estiveram ao mesmo tempo em campanha em condições semelhantes. Ao final da
campanha, a FEB havia aprisionado mais de vinte mil soldados inimigos, quatorze
mil, setecentos e setenta e nove só em Fornovo di Taro, oitenta canhões, mil e
quinhentas viaturas e quatro mil cavalos.
Na campanha da Itália, a FAB atuou com duas unidades aéreas, a 1ª
E.L.O., e o 1º Grupo de Aviação de Caça. O Esquadrão de caça teve abatidos dezesseis aviões, com morte em
ação de cinco de seus aviadores, além da morte de mais três por acidentes.
Apesar de, entre novembro de 1944 e abril de 1945, ter voado apenas 5% do total
das missões efetuadas por todos os esquadrões sob o XXII comando aéreo tático
aliado, neste período foi responsável (entre outras tarefas) pela destruição de
85% dos depósitos de munição, 36% dos depósitos de combustível, e 15% dos
veículos motorizados (caminhões, tanques e locomotivas) inimigos destruídos por
este comando aéreo aliado, tendo por este desempenho, recebido honrosa citação
do congresso dos Estados Unidos. Já ao final da campanha, devido às baixas
sofridas, estava reduzido ao tamanho padrão de um esquadrão convencional.
A participação da Marinha do Brasil na Segunda Guerra Mundial não
esteve diretamente ligada à FEB e à Campanha Italiana, pois esteve em grande
parte engajada na Batalha
do Atlântico. Os
ataques navais do Eixo causaram quase 1,6 mil mortes, incluindo 500 civis, 470
marinheiros mercantes e 570 marinheiros da Marinha; cerca de um em cada sete
marinheiros brasileiros morreria na campanha. Um total de 36 navios foram
afundados pelos alemães, com mais três afundados (e 350 mortos) em naufrágios
acidentais.
A principal tarefa da Marinha do Brasil era, em conjunto com os
Aliados, garantir a segurança dos navios que navegavam entre o Atlântico
central e sul até Gibraltar. Sozinha ou em coordenação com as
forças aliadas, a Marinha do Brasil escoltou 614 comboios que protegeram 3.164 navios
mercantes e de transporte de tropas. Entre os navios de guerra perdidos pela
Marinha do Brasil estavam o BZ Camaqua, que virou durante uma
tempestade enquanto escoltava um comboio em julho de 1944, e o cruzador leve BZ Bahia devido a um acidente de
artilharia; a maioria da tripulação deste último foi perdida.[73] Dos três navios militares
brasileiros perdidos durante a guerra, apenas o cargueiro Vital de Oliveira foi
devido à ação de um submarino inimigo, sendo afundado pelo U-861 em
20 de julho de 1944.
Ao final da guerra,
todo o comboio do Atlântico Sul havia sido entregue à Marinha do Brasil,
liberando assim navios estadunidenses e britânicos para serviços urgentemente
necessários em outros lugares.
E assim a guerra
chegou ao fim. Milhões de pessoas no Brasil e no mundo comemoram a paz, mas
somente em agosto que a guerra termino quando o Japão se rendeu. A guerra
deixou marcas e aprendizados, porém a humanidade ainda não havia compreendido a
paz, pois anos após anos ocorreram outros conflitos pelo mundo, que foi
dividido entre o capitalismo e o socialismo. Minhas homenagens aos heróis
combatentes, serão lembrados pela sua bravura e mostraram que não fugiram á
luta. E de geração á geração aos dias de hoje, estamos aqui através de vocês.
Obrigado.
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