sábado, 26 de abril de 2025

O Brasil na Segunda Guerra Mundial (i). Jonas Alexandre Xerém da Silva - JAXS.

 


Força Expedicionária Brasileira (FEB), conhecida como Cobras Fumantes, foi uma divisão militar do Exército e da Força Aérea Brasileira que entrou em combate como parte das Forças Aliadas no Teatro Mediterrâneo da Segunda Guerra Mundial. Contava com cerca de 25,9 mil homens, uma divisão de infantaria completa, esquadrilha de ligação e esquadrão de caças.

Na Era Vargas foi o único país sul-americano independente a enviar tropas de combate ao exterior durante a Segunda Guerra Mundial. Conhecida por sua tenacidade e bravura, a FEB era bem vista tanto por aliados quanto por adversários; serviu com distinção por várias batalhas, principalmente em Collecchio, Camaiore, Monte Prano e Vale do Serchio. A Marinha e a Força Aérea do Brasil tiveram posições importantes na proteção da navegação aliada e na paralisação do poder marítimo do Eixo, infligindo perdas desproporcionalmente elevadas às munições, suprimentos e infraestrutura inimigas.


Em 1939, iniciou-se a Segunda Guerra Mundial, o Brasil decidiu ficar neutro, numa continuação da política do presidente Getúlio Vargas de não se definir por nenhuma das grandes potências, somente tentando se aproveitar das vantagens propostas por elas. Tal "pragmatismo" foi interrompido no início de 1942, quando os Estados Unidos e o governo brasileiro acertaram a cessão de bases aéreas na ilha de Fernando de Noronha e ao longo da costa norte-nordeste brasileira para o recebimento de bases militares estadunidenses (caso as negociações não tivessem efetuado resultado, com Vargas e os militares insistindo em manter a neutralidade, os EUA tinham planos para invadir o nordeste brasileiro, com o codinome Plan Rubber).


Em janeiro de 1942 iniciou-se uma série de torpedeamentos de navios mercantes brasileiros por submarinos ítalo-alemães na costa litorânea brasileira, numa provocação idealizada pelo próprio Adolf Hitler, que visava isolar o Reino Unido, impedindo-o de receber os suprimentos (equipamentos, armas e matéria-prima) exportados do continente americano (como consta nos diários de Goebbels e nas memórias do almirante Donitz). Considerados vitais para o esforço de guerra dos Aliados, estes suprimentos a partir de 1942 via Atlântico norte, se destinavam também à então União Soviética.

Porém, a opinião pública não permitiu se confundir. Comovida pelas mortes de civis e instigada também pelos pronunciamentos provocativos e arrogantes, emitidos pela Rádio de Berlim, passou a exigir que o Brasil reconhecesse o estado de beligerância com os países do Eixo. O que só foi oficializado no final de agosto do mesmo ano, quando foi declarada guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista. Após a declaração de guerra, diante da contínua passividade do então governo, a mesma opinião pública passa a se mobilizar para o envio à Europa de uma força expedicionária como contribuição à derrota do fascismo. É notória a mobilização do Partido Comunista Brasileiro e da União da Juventude Comunista para a inserção do Brasil na guerra, tendo orientado seus militantes a priorizarem a luta antifascista e apresentar-se como voluntários após a realização do VII congresso da Internacional Comunista e da Conferência da Mantiqueira. Posteriormente organizaram-se células comunistas na FEB, que contava com a participação de dois dirigentes nacionais do PCB (Salomão Malina e Jacob Gorender) e lutaram tanto na Guerra Civil Espanhola quanto na Resistência Francesa.

Rotas aéreas entre Brasil e Estados Unidos.

Naquele ano de 1942, o exército brasileiro envio os soldados de clima quente para o estado do Rio Grande do Sul durante o inverno com o objetivo de prepará-los para o rigoroso inverno europeu. Na época, a produção agrícola brasileira e industrial haviam crescido ainda mais, o que foi importante para a produção de alimentos e suprimentos para enviados aos soldados.


Em 9 de agosto de 1943 foi criada a FEB através da Portaria Ministerial Nº 4 744, após o Brasil ter declarado guerra as potências do Eixo. A denominação da época utilizada pelo exército americano; a composição dos elementos terrestres da FEB se subdividia em Três Regimentos de Infantaria (equivalente ao que se classifica contemporaneamente como Brigada). Estes eram: o 6º Regimento de Infantaria de Caçapava, o 1º Regimento de Infantaria, baseado na então capital federal, Rio de Janeiro, e o 11º Regimento de Infantaria de São João del Rey. Dentro destes, com o total se abrigavam nove companhias de fuzileiros.


1ª etapa da campanha da FEB na Itália teve início no mês de setembro de 1944; com seu primeiro contingente a chegar à Itália (o 6º regimento) atuando junto com o 371º regimento afro-americano e outras unidades americanas menores (principalmente as de apoio da 1ª divisão blindada), formando a Task Force 45, liberando da ocupação alemã o Vale do rio Serchio (ao norte da cidade de Lucca, datando desta época suas primeiras vitórias ainda em setembro, com as tomadas de MassarosaCamaiore e Monte Prano), e a maior parte da região de Gallicano-Barga, onde sofreu seus primeiros reveses. 


A princípio, a partir de novembro daquele ano, já atuando como uma Divisão completa; por seu desempenho na 1.ª etapa foi deslocada para o leste da ala do V Exército estadunidense com a missão de expulsar dos Apeninos setentrionais as tropas alemãs que através do fogo de artilharia, dessas posições impediam o avanço dos aliados no setor principal da frente italiana sob responsabilidade do VIII Exército britânico (localizado entre o centro da Itália e o mar Adriático).


No rigoroso inverno entre 1944 e 1945, nos Apeninos a FEB enfrentou temperaturas de até vinte graus negativos, não contando a sensação térmica. Muita neve, umidade e contínuos ataques de caráter exploratório por parte do inimigo, que através de pequenas escaramuças procurava tanto minar a resistência física, quanto a psicológica das tropas brasileiras, não acostumadas às baixas temperaturas. Condições climáticas e reações físicas se somavam aos mais de três meses de campanha ininterrupta, sem cessar para recuperação. Ocorreram ainda possíveis pontos fracos no setor ocupado pelos brasileiros para uma contraofensiva no inverno. No entanto, neste aspecto, a atitude involuntariamente agressiva das duas tentativas de tomar Monte Castello no final de 1944, somada à atitude voluntária de responder às incursões exploratórias do inimigo no território ocupado pela FEB, com incursões exploratórias da FEB realizadas em território inimigo, fez com que os alemães e seus aliados escolhessem outro setor da frente italiana, ocupada pela 92ª divisão estadunidense, para sua contraofensiva.


Na 1ª semana de abril de 1945 iniciou-se a fase final da ofensiva de primavera com objetivo de romper definitivamente esta linha de defesas, que recuara constantemente desde setembro do ano anterior, mas impedia o avanço das tropas aliadas na Itália rumo à Europa Central. No 1º dia da ofensiva no setor do IV Corpo do V Exército estadunidense, ao qual a FEB estava incorporada (iniciada uma semana após o início da ofensiva no setor do VIII Exército britânico, que seguia sem progressos); após sem grandes dificuldades ter sustado o ataque aliado principal naquele setor, efetuado pela 10ª Divisão de Montanha americana, causando expressivas baixas naquela unidade estadunidense; os alemães cometeram um erro ao considerar o ataque da divisão brasileira à região de Montese (que neste ataque, além do apoio de blindados americanos, também utilizou seus próprios carros de combate M8M4 e M10); como sendo o principal alvo aliado naquele setor; tendo por conta disso disparado somente contra a FEB cerca de 1,8 mil tiros de artilharia (64%) do total dos 2,8 mil tiros empregados contra todas as 4 divisões aliadas naquele setor da frente italiana, nos dias de luta que se seguiram pela posse daquela localidade (no que foi o combate mais sangrento travado pela FEB).

Com o fracasso alemão em tentar retomar Montese e o consequente avanço das tropas das 10ª Divisão de Montanha e 1ª Divisão Blindada estadunidenses, efetivou-se o desmoronamento das defesas germânicas naquele setor central, do ponto de vista geográfico, embora secundário estrategicamente, ficando claro a impossibilidade por parte das tropas alemãs de manterem a partir daquele momento a linha gótica, tanto no setor terciário a oeste, próximo ao Mar da Ligúria, quanto no setor principal à leste, próximo ao Mar Adriático.


Antes da rendição das forças alemãs ser oficializada a 2 de maio de 1945, a 148ª divisão foi a única divisão alemã capturada integralmente, incluindo seu comando, por uma força aliada (no caso, a 1ª Divisão Brasileira) durante toda a campanha da Itália. Pois desde a invasão da Sicília em julho de 1943 até a ofensiva na primavera de 1945, todas as demais divisões alemãs, independente das perdas sofridas, conseguiram se retirar ao norte sem se renderem.

A FEB continuou ininterruptamente duzentos e trinta e nove dias em combate. Como exemplo de comparação, das quarenta e quatro divisões americanas que combateram nos teatros de operações do norte da África e Europa (frentes italiana e ocidental) entre novembro de 1942 e maio de 1945, apenas doze estiveram ininterruptamente mais dias em combate que a divisão brasileira. 


O Brasil perdeu nesta campanha, mortos em ação, quatrocentos e cinquenta e quatro homens do exército, e cinco pilotos da força aérea. A divisão brasileira ainda teve cerca de duas mil mortes decorrentes dos ferimentos de combate, e mais de doze mil baixas em campanha por mutilação ou outras diversas causas incapacitantes para a continuidade no campo de batalha. Tendo assim, somadas as substituições, turnos e rodízios, dos cerca de vinte e cinco mil homens enviados, mais de vinte e dois mil participado das ações. O que, incluso mortos e incapacitados, deu uma média de 1,7 homens usados para cada posto de combate, um grau de aproveitamento apreciável se comparado ao de outras divisões que estiveram ao mesmo tempo em campanha em condições semelhantes. Ao final da campanha, a FEB havia aprisionado mais de vinte mil soldados inimigos, quatorze mil, setecentos e setenta e nove só em Fornovo di Taro, oitenta canhões, mil e quinhentas viaturas e quatro mil cavalos.


Na campanha da Itália, a FAB atuou com duas unidades aéreas, a 1ª E.L.O., e o 1º Grupo de Aviação de Caça. O Esquadrão de caça teve abatidos dezesseis aviões, com morte em ação de cinco de seus aviadores, além da morte de mais três por acidentes. Apesar de, entre novembro de 1944 e abril de 1945, ter voado apenas 5% do total das missões efetuadas por todos os esquadrões sob o XXII comando aéreo tático aliado, neste período foi responsável (entre outras tarefas) pela destruição de 85% dos depósitos de munição, 36% dos depósitos de combustível, e 15% dos veículos motorizados (caminhões, tanques e locomotivas) inimigos destruídos por este comando aéreo aliado, tendo por este desempenho, recebido honrosa citação do congresso dos Estados Unidos. Já ao final da campanha, devido às baixas sofridas, estava reduzido ao tamanho padrão de um esquadrão convencional.


A participação da Marinha do Brasil na Segunda Guerra Mundial não esteve diretamente ligada à FEB e à Campanha Italiana, pois esteve em grande parte engajada na Batalha do Atlântico. Os ataques navais do Eixo causaram quase 1,6 mil mortes, incluindo 500 civis, 470 marinheiros mercantes e 570 marinheiros da Marinha; cerca de um em cada sete marinheiros brasileiros morreria na campanha. Um total de 36 navios foram afundados pelos alemães, com mais três afundados (e 350 mortos) em naufrágios acidentais.

A principal tarefa da Marinha do Brasil era, em conjunto com os Aliados, garantir a segurança dos navios que navegavam entre o Atlântico central e sul até Gibraltar. Sozinha ou em coordenação com as forças aliadas, a Marinha do Brasil escoltou 614 comboios que protegeram 3.164 navios mercantes e de transporte de tropas. Entre os navios de guerra perdidos pela Marinha do Brasil estavam o BZ Camaqua, que virou durante uma tempestade enquanto escoltava um comboio em julho de 1944, e o cruzador leve BZ Bahia devido a um acidente de artilharia; a maioria da tripulação deste último foi perdida.[73] Dos três navios militares brasileiros perdidos durante a guerra, apenas o cargueiro Vital de Oliveira foi devido à ação de um submarino inimigo, sendo afundado pelo U-861 em 20 de julho de 1944.

Ao final da guerra, todo o comboio do Atlântico Sul havia sido entregue à Marinha do Brasil, liberando assim navios estadunidenses e britânicos para serviços urgentemente necessários em outros lugares.

E assim a guerra chegou ao fim. Milhões de pessoas no Brasil e no mundo comemoram a paz, mas somente em agosto que a guerra termino quando o Japão se rendeu. A guerra deixou marcas e aprendizados, porém a humanidade ainda não havia compreendido a paz, pois anos após anos ocorreram outros conflitos pelo mundo, que foi dividido entre o capitalismo e o socialismo. Minhas homenagens aos heróis combatentes, serão lembrados pela sua bravura e mostraram que não fugiram á luta. E de geração á geração aos dias de hoje, estamos aqui através de vocês. Obrigado.

























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