Os primeiros ocupantes de
Mato Grosso do Sul.
Os primeiros seres
humanos a percorrerem o território sul mato-grossense devem ter chegado aqui
por volta de 15 mil anos. Vinham de outras regiões, seguindo o curso dos rios.
Existem vestígios dessa presença em vários municípios de nosso estado, que
conta com cerca de 120 sítios arqueológicos. Os mais antigos datam de 11 mil
anos, na região do rio Sucuriú, no município de Paranaíba.
Entre os nativos do
território sul mato-grossense, os mais numerosos, no século XVI, eram os
Guarani. Excelentes agricultores, plantavam principalmente o milho e a
mandioca, base de sua alimentação.
Eles conheciam também o cultivo e a tecelagem do algodão, para confecção de redes e vestimentas. Produziam potes de cerâmica para armazenamento de alimentos e os utilizavam, inclusive, para o sepultamento de seus mortos. Atualmente, os Guarani são representados pelos Kaiowá e pelos Ñandeva.
Gravura de Debret mostra indígenas
do povo Guaicuru, conhecido como “índios cavaleiros”.
Quando os portugueses
aqui chegaram, existiam cerca de 1.300 línguas indígenas. Mas, desse total,
restam hoje em dia apenas 180 línguas. Isso dá a ideia da grande redução que a
população indígena sofreu no Brasil.
Atualmente existem terras
indígenas em Mato Grosso do Sul, como em Amambai, Aquidauana, Dourados e
outros municípios. A maior do estado é a Área Indígena Kadiwéu em Aquidabã do
Oeste, com 538,5 mil hectares.
Evolução administrativa.
O processo de descoberta
e conquista das terras da Coroa Espanhola na América do Sul e, por extensão do
Mato Grosso do Sul iniciou-se com a viagem empreendida pelo espanhol Juan Diaz
Solis, no ano de 1515. Solis procurava um caminho que ligasse o oceano Atlântico
ao oceano Pacífico.
De acordo com o Tratado
de Tordesilhas, a região que hoje corresponde ao estado de Mato Grosso do Sul
pertenceu inicialmente a Espanha. Para melhor administrar seu vasto território
colonial, o rei espanhol iniciou a concessão de terra a particulares
intitulados Adelantados e, depois, com a intenção de centralizar o
poder, criou os vice-reinos e as capitanias.
Mato
Grosso do Sul no Tempo.
Adelantazgo da Província
do Rio da Prata – 1534 a 1617 – Colônia espanhola.
Província do Paraguai -
1617 a 1750.
Capitania de Mato Grosso -1750
a 1822 – Colônia portuguesa.
Província do Mato Grosso
– 1822 a 1877 – Brasil Império.
Província do Mato Grosso
do Sul – 1877 a 1889 – Brasil Império.
Estado de Mato Grosso do
Sul – 1877 até hoje – Brasil República.
O início do Povoamento – o
domínio da Espanha.
Os primeiros habitantes de Mato Grosso do Sul eram povos indígenas como
os guaranis, terenas e caiapós.
A
primeira cidade fundada em território sul mato grossense foi Santiago de Xerez,
no ano de 1580, portanto ainda sob o domínio dos espanhóis Era um pouso para
descanso e abastecimento das expedições que buscavam as minas.
No início do século XVII,
algumas aldeias missionárias, fundadas por padres jesuítas espanhóis, estavam
já instaladas na área compreendida entre os rios Paraná e Paraguai. Foi
bastante intensa a ação dos jesuítas nas províncias de Guairá e Itatim, ambas
situadas, naquela época, em território paraguaio. O nome Itatim deve-se á
nação indígena dos Itatim, que habitavam o local. Parte dessa província estava
localizada no atual estado de Mato Grosso do Sul, entre os rios Taquari e Apa.
A penetração dos
bandeirantes.
Por volta da década de
1620, foram organizadas as primeiras expedições para a captura de indígenas.
Provenientes de São Paulo, elas eram organizadas por particulares, interessados
no aprisionamento dos indígenas para vende-los aos colonizadores portugueses
das capitanias do Sul.
Desbravar as matas
brasileiras significava enfrentar perigos diariamente. As cobras venenosas, por
exemplo, podiam matar os menos cuidadosos. Aqueles que conheciam os segredos
das matas tinham mais chances de sobreviver. Era o caso de muitos desbravadores
paulistas, que eram filhos de índios ou casados com índias.
Mapa das Bandeiras do Brasil
nos séculos XVII e XVIII. A parte em verde era de Portugal, e a em amarelo era da
Espanha.
Entre 1693 e 1695, as expedições paulistas encontraram ouro na região de Minas Gerais. Embrenhando-se ainda mais para dentro do país, os bandeirantes descobriram ouro também no atual estado de Mato Groso, em 1718, e de Goiás, em 1725. Algumas décadas mais tarde, também foram achadas jazidas de diamante nesses lugares.
A ocupação de Mato Grosso
do Sul – o domínio de Portugal.
Em 1750, foi então
assinado o Tratado de Madri, que substituiu o de Tordesilhas (1494) e demarcou
as novas fronteiras entre as colônias espanholas e portuguesas na América do
Sul. As autoridades da época basearam-se no princípio jurídico do usucapião (em
latim, uti possidetis). De acordo com esse princípio, cada parte ficaria com as
terras que efetivamente ocupava na época. Mato Grosso do Sul passou, então,
partir de 1750, a ser considerado legalmente português.
Em 1709 foi criada a
Capitania de São Paulo e das Minas de Ouro. Porém, a grande extensão da área da
capitania dificultava o controle da produção de ouro. Por isso, ela foi
dividida, criando-se outras três capitanias: Minas Gerais (1720), Goiás (1744)
e Mato Grosso (1748).
Após a assinatura do
Tratado de Madri, os portugueses construíram fortificações militares para
garantir a manutenção do novo acordo e defender a terra ocupada contra as
investidas dos colonos espanhóis. Assim foram construídos os fortes Aquidabã (atual
Aquidabã do Oeste) e Coimbra em 1775, Albuquerque (atual Corumbá) e Miranda em
1778.
Independência do Brasil e primeiros
municípios de Mato Grosso do Sul.
Entre o final do século
XVII e o começo do século XIX, um forte sentimento de independência tomou conta
das colônias estadunidenses. O grande incentivo foi a libertação dos Estados
Unidos em relação á Inglaterra, ocorrida em 1776.
No Brasil, os grandes
fazendeiros estavam fartos de sua obrigação de terem de vender suas mercadorias
exclusivamente para a metrópole portuguesa e queriam sua independência
econômica para poderem exportá-las aos países que melhor pagassem por elas.
Também queriam fazer suas próprias leis e elaborar uma Constituição brasileira,
conquistando assim sua independência política em relação a Portugal.
No princípio do ano de
1822, as autoridades portuguesas exigiram o retorno de Dom Pedro a Lisboa.
Porém, o príncipe, apoiado politicamente pelos representantes dos grandes
fazendeiros e comerciantes brasileiros, recusou-se a ir. No dia 7 de setembro
daquele mesmo ano, ele proclamou a independência do Brasil.
Logo após a independência
do Brasil, o governo imperial organizou uma nova divisão administrativa para o
país. As antigas capitanias dos tempos da Colônia tiveram modificações e
passaram a ser denominadas províncias.
Expansão do povoamento e desenvolvimento
da Província de Mato Grosso.
Assim, a capitania de
Mato Grosso tornou-se Província de Mato Grosso. O primeiro governante, José
Saturino da Costa Pereira, assumiu o cargo em 1824. Naquela época, os
governantes das províncias eram nomeados pelo imperador, e não pelo, como são
os governadores dos estados atualmente.
Nos anos 1840, foram
criados projetos de novas estradas, ferrovias e eclusas no rio Paraná para
expandir o povoamento na província e melhor a integração.
Com a finalidade de assegurar a integridade territorial do país, em 1854, o ministro da Guerra, Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, ordenou a criação de colônias militares nos limites do Império com países estrangeiros. Em 1855 foi criada a colônia militar entre os rios Brilhante e Nioaque, onde surgiu o município de Nioaque em 1892. Em 1856 foi criada também a colônia militar do Dourados (atual Antônio João).
Ainda durante o império,
também se formaram núcleos de povoamento em função da pecuária, em áreas
apropriadas para esta atividade econômica. Assim surgiram as cidades de
Paranaíba (antiga Sant’Ana do Paranahyba), Corumbá, Miranda e Aquidabã do Oeste
em 1857.
Guerra do Paraguai e Mato
Grosso do Sul.
Desde sua independência
da Espanha em 1811, O Paraguai transformou-se numa exceção política na América
Latina, tornando-se uma nação realmente soberana e livre, principalmente pelo
fato de não ter contraído empréstimos de investidores estrangeiros. Seu projeto
de industrialização era autônomo, independente da Inglaterra, ao contrário de
outros países vizinhos, que não possuíam suas próprias fábricas.
Para prosseguir em seu
desenvolvimento econômico, o Paraguai necessitava urgentemente de uma saída
para o oceano Atlântico. O marechal Solano López tinha em mente a conquista de
um grande território, e abrangeria áreas reivindicadas pela Argentina, Brasil e
Uruguai.
Os acontecimentos
precipitaram-se. Em novembro de 1864, Solano López apreendeu o navio brasileiro
Marques de Olinda, que navegava pelo rio Paraguai, transportando o novo
governador da Província de Mato Grosso. Logo em seguida, as tropas paraguaias
invadiram a província. Em abril de 1865, López invadiu a Argentina, ocupando a
região de Corrientes. Para conter Solano López, o Brasil, Argentina e Uruguai
formaram a Tríplice Aliança em maio de 1865, apoiados pelas autoridades
britânicas.
Ocupação paraguaia no
Mato Grosso.
A Guerra do Paraguai
começou com a tomada do território que hoje corresponde ao nosso estado. A
ocupação paraguaia durou cerca de três anos, de 1864 a 1867.
Em dezembro de 1864,
tropas paraguaias comandadas por Martín Urbieta atacaram a Colônia Militar do
Dourados (atualmente o município de Antônio João). Pouco tempo depois,
atravessou o rio Apa e entrou no território brasileiro por Bela Vista. Nioaque
e Miranda foram ocupadas, sendo os fazendeiros expulsos ou presos. Mais
soldados foram enviados para tomar Coxim.
Com a retirada dos
militares brasileiros, os paraguaios ocuparam Corumbá, dominando a navegação no
rio Paraguai, desde o rio São Lourenço ao rio Apa.
A Retirada da Laguna.
Em meados de 1865, foi
organizada a Força Expedicionária de Mato Grosso, formada aproximadamente por 3
mil homens vindos do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Seu
objetivo era retornar as terras ocupadas pelos paraguaios. A Força
Expedicionária percorreu parte do trajeto por ferrovia e outra por estrada de
terra, onde chegaram no município de Miranda. De lá, dirigiu-se para a
fronteira com o Paraguai, atravessando-a em abril de 1867.
No entanto, foram surpreendidos pela forte resistência do exército paraguaio. Além disso, uma epidemia de cólera vitimou muitos combatentes e faltava comida e munição. Tudo isso obrigou a Força Expedicionária a retroceder.
Finalmente, os
remanescentes da coluna ao porto do Canuto, á margem esquerda do rio
Aquidauana, a 12 de junho de 1867. Eram apenas setecentos os sobreviventes dos
3 mil integrantes originais da Força Expedicionária de Mato Grosso. Mas o
Brasil ainda estava em guerra, e em agosto de 1867, os componentes da coluna
receberam ordens para marchar até Cuiabá. Chegando lá de trem, logo partiram,
por via fluvial, para juntar-se ás forças brasileiras e, território paraguaio.
Como vimos, a guerra demoraria ainda três longos anos, só terminando em 1870,
com a morte de Solano López em Cerro Corá, nas proximidades da atual cidade de
Ponta Porã. Assim, a guerra terminou na mesma região em que havia começado.
Com o fim da guerra, o
governo imperial incentivou a expansão de ferrovias no sul da Província de Mato
Grosso para reforçar a segurança na fronteira com o Paraguai. A primeira
ferrovia a chegar no sul da província foi a Estrada de Ferro Sudeste Oeste em
Paranaíba em 1868. Nos anos 1870, essa e outras companhias, a Estrada de Ferro
Sorocabana, Estrada de Ferro Norte e Companhia Trans Pantanal também expandiram
suas malhas no sul da província. E assim surgiram novos municípios, como
Dourados, Matópolis (atual Deodápolis), Maracaju, Guia Lopes da Laguna e
outros.
Cantando
a paz.
Sonhos
Guaranis.
(Almir
Sater e Paulo Simões)
Mato
Grosso encerra
Em
sua própria terra
Sonhos
guaranis.
(...)
Mato
Grosso espera
Esquecer
quisera
O
som dos fuzis
Se
não fosse a guerra
quem sabe hoje era
Um
outro país.
(...)
Os movimentos pela criação de Mato Grosso
do Sul.
Após o fim da Guerra do
Paraguai, o governo imperial investiu na reconstrução das cidades do sul da
Província do Mato Grosso por causa danos do conflito. E também propôs a criação
de novas cidades em áreas despovoadas. Em 1875, surgiu a ideia e o movimento de
criar uma província no sul do Mato Grosso, já que a região estava crescendo
ainda mais com a expansão das ferrovias. Mas isso não agradou o norte do Mato
Grosso, pois não queria perder a parte sul.
Foi então que em março de
1877, alguns políticos, fazendeiros e comerciantes foram de trem para a capital
do Brasil, na época o Rio de Janeiro para convencer o imperador Dom Pedro II
pela criação da Província de Mato Grosso do Sul. Passaram-se meses, e o movimento
aguardavam a resposta do imperador. Em setembro daquele ano, foi aprovada a
criação da província. No dia 11 de outubro de 1877, foi criada a Província de
Mato Grosso do Sul com a capital Sant’Ana do Paranahyba (atual Paranaíba).
Assim, no final dos nos
1870 e início de 1880, a nova província também recebeu mais desenvolvimento e
migrações de outras províncias, e novas explorações e expedições nas terras
despovoadas.
A história do cultivo da
erva-mate.
A erva-mate é uma planta
nativa da região sul da América do Sul. Como bebida, pode ser apreciada na
forma de chá, chimarrão e tereré.
Os indígenas da América
do Sul, muito antes da chegada dos europeus nos séculos XV e XVI, mascavam a
erva-mate como alimento e também a utilizavam como bebida estimulante.
Após a Guerra do Paraguai
(1865-1870), o gaúcho Tomás Laranjeiras, que havia participado oficialmente da
demarcação de limites na fronteira entre Brasil e Paraguai, conseguiu uma
concessão do governo para explorar a erva-mate e fundou a Companhia Mate
Laranjeira. Sua primeira sede foi em Concepción, no
Paraguai, onde, em 1877, inicia a exploração de erva-mate. Posteriormente
sua sede foi transferida para Porto Murtinho, tendo se estabelecido anos mais
tarde em Guaíra, no estado do Paraná.
Vila Industrial de Campanário, Companhia Matte-Laranjeira, na fronteira do
Brasil e Paraguai, 1920.
Após denúncias do superintendente doutor Antônio Corrêa da Costa
e de prejuízos com o transporte da produção da Matte Larangeira, o Banco
Rio Branco decreta falência em 1902 e Thomaz Larangeira adquire seu
espólio. Já a Cia. Matte Larangeira é vendida à companhia argentina Francisco
Mendes & Cia, passando a se chamar Larangeira Mendes e Companhia. É
assinado, com o governo do estado, novo contrato de arrendamento, nos mesmos
moldes do anterior, que vigoraria até 1916.
Durante a Segunda
Guerra Mundial, a Argentina criou restrições à erva-mate brasileira e a empresa
entrou em dificuldades. O domínio da Companhia segue até 1943, quando Getúlio
Vargas assume o poder, anulando a concessão.
A empresa recebeu
um prazo para a liquidação de seus negócios e seus edifícios foram todos
leiloados, bem como todas as estalagens, oficinas, rebanhos e tropas. Apesar
disso, a empresa continuou operando a EF Porto Murtinho, transportando madeira
(quebracho) da empresa até a usina da Floresta Brasileira S. A. para extração
de tanino, até pelo menos 1958.
República Velha (1889-1930).
A República Velha abrange
o período que se inicia com o fim da Monarquia em 1889, e vai até a Revolução
de 1930.
O descontentamento com o
governo de Dom Pedro II por parte de importantes setores da sociedade
brasileira, como os fazendeiros escravistas, os religiosos e os militares,
contribuiu para apressar a queda do Império e levou á proclamação da República.
Em 15 de novembro de 1889, um grupo de militares, liderado pelo marechal
Deodoro da Fonseca, organizou o Governo Provisório.
A nova divisão
administrativa da República substituiu as antigas províncias do Império pelos
estados. O Brasil tornou-se então um República Federativa, isto é, composta
pela união política entre os estados, os quais gozavam de uma certa autonomia
em relação ao governo central.
O período da República
Velha foi marcado pelo domínio político dos grandes fazendeiros, apoiados pelos
estados de São Paulo e Minas Gerais. Esse novo grupo dominante consolidou-se no
poder por meio da atuação dos “coronéis”, que compunham as lideranças políticas
locais, as quais controlavam os governos estaduais.
O trabalho nas lavouras,
pecuária, mineração e também na indústria motivou o governo a incentivar a
imigração. Nesse sentido, no final do século XIX e início do século XX,
imigrantes europeus e asiáticos vieram para o Brasil, com predomínio de
italianos, japoneses, portugueses e espanhóis.
No final do século XIX,
foram planejadas novas ferrovias, uma delas a Novoeste, para ligar Bauru no
estado de São Paulo á Corumbá no estado do Mato Grosso do Sul. Sabendo disso,
foi proposta a mudança da capital para Campo Grande, que na época, a ligação
era somente por estrada de chão. Em 1905 foram abertas as obras da Estrada de
Ferro Novoeste, passando em Campo Grande, sendo finalizada em 1914. E através
dessa ferrovia e outras, chegaram os imigrantes. No mesmo ano foram iniciadas
as obras na cidade para construir os ministérios e a sede do governo. Em 1919,
Campo Grande passou a ser a nova capital do Mato Grosso do Sul.
O governo de Getúlio
Vargas (1930-1945).
Em 1930, ocorreu no
Brasil um movimento armado, conhecido como a Revolução de 30, que pôs fim á
República Velha. Isso ocorreu devido á insatisfação de alguns setores da elite,
que se sentiam excluídos do poder, e também do operariado, das classes médias e
dos tenentes. Getúlio Vargas foi então conduzido á presidência da República com
o apoio das Forças Armadas e nomeou interventores federais para todos os
estados, inclusive Mato Grosso do Sul.
Governou o Brasil de
forma autoritária, mantendo uma forte centralização política e econômica.
Tornou-se um líder populista, conseguindo controlar fortemente o movimento
operário com base em uma intensa propaganda do regime. Muitas leis trabalhistas
importantes foram então regulamentadas, como salário mínimo, as férias anuais
remuneradas, a jornada de oito horas de trabalho e o direito a assistência
médica, entre outras.
Nos anos 1930, o governo
construiu rodovias como a BR 33 (atual BR-262) e a BR-34 (atual BR-267). Nos
anos 1940, concluiu o asfaltamento da BR-33 de Campo Grande á Corumbá e outras
rodovias. Foram construídas também ferrovias.
Desenvolvimento de Mato
Grosso do Sul.
Pecuária.
O início da criação de
gado teve seu principal foco de penetração e irradiação na região de Paranaíba,
realizada em grande parte, por famílias mineiras a partir do século XIX. Outro
ponto de introdução e expansão da pecuária no território sul mato-grossense foi
a área de povoamento mais antigo, localizada em torno de Cuiabá. A partir dali,
a criação espalhou-se no Pantanal. E através das ferrovias foi feito o
transporte de gado para São Paulo através de Minas Gerais.
No início do século XX, o
boi criado no Mato Grosso do Sul era bem aceito no comércio de Uberaba no
estado do Triângulo. Entretanto, os fazendeiros tinham também a possibilidade
de vender gado para o mercado paulista, mas a rota do gado ao estado de São
Paulo era somente por estrada de terra de chão.
Foi então que novas
estradas foram construídas, uma delas a Estrada Boiadeira com 325 quilômetros
ligando Campo Grande ao Rio Paraná. Foi utilizada balsa puxada por uma lancha á
vapor para atravessar o rio. Com a inauguração da Estrada de Ferro Novoeste em
1914, ligando Mato Grosso do Sul e São Paulo, possibilitou uma nova rota para o
transporte do gado.
Agricultura e criação de
colônias agrícolas.
Desde o início da
ocupação do sul da província do Mato Grosso depois da Guerra do Paraguai á
criação da província do Mato Grosso do Sul, a agricultura praticada era
predominante. Cultivavam-se, principalmente, milho, mandioca, feijão, arroz,
amendoim e algodão. Todo trabalho na lavoura era com tração animal e com equipamentos
agrícolas que, no começo, eram trazidos carroças e carros de boi de Minas
Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Anos depois foram trazidos de trem.
Em 1850, foi aprovada no
Brasil a Lei das Terras, determinando que as terras fossem adquiridas somente
através da compra. O ponto básico dessa lei foi a proibição de doação das
terras devolutas, exceto as situadas nas zonas de 10 léguas (66 km) limítrofes
com países estrangeiros. Esta faixa de fronteira, a partir de 1934, passou para
100 km e, em 1937, para 150 km. A Constituição de 1988 manteve os 150 km.
Foi somente a partir da
década de 1930 que a colonização do Mato Grosso do Sul se intensificou devido á
distribuição ou venda de terras públicas e particulares localizadas, em sua
maior parte, em áreas de matas nativas. Com isso, tem início uma imensa
derrubada dessas matas, até então largamente preservadas.
Nas décadas de 1940 e
1950, alguns assentamentos de trabalhos rurais foram realizados em Mato Grosso
do Sul. O objetivo central do governo, ao criar estas colônias agrícolas, foi
garantir a ocupação das terras localizadas nas terras e promovendo uma justiça
social.
O crescimento da
agroindústria e indústria.
Posteriormente, no final
do século XIX, passou-se a fazer carne seca (também conhecida como charque),
que, no entanto, dependia do sal. Em
1923, a indústria pantaneira de charque realizou suas maiores exportações.
Surgiram também os moinhos de trigo em Dourados e Corumbá. Na região do
Pantanal, entre as atividades mais antigas, estão a extração de minério de
ferro e manganês, em Corumbá, e a fabricação de cimento. O estado possui as
maiores reservas brasileiras de manganês e calcário e a segunda maior reserva
de ferro do país.
A partir dos anos 1950 e
1960, a população de Mato Grosso do Sul duplicou. Este aumento foi provocado,
em grande parte, por levas de agricultores provenientes da região Sul do país,
principalmente do Rio Grande do Sul, que vieram somar-se á população aqui
radicada. Eles foram os responsáveis pela produção do novo avanço das técnicas
agrícolas de tratamento do silo, dedicando-se principalmente ao cultivo da
soja, trigo arroz e milho.
A cultura da soja
rapidamente tornou-se predominante devido á sua valorização econômica no
mercado nacional e internacional, principalmente a partir da década de 1970.
Foram então criados órgãos de pesquisa para o desenvolvimento de variedades de
soja, trigo e milho, próprias para regiões de cerrado, como em Mato Grosso do
Sul.
Ao longo dos anos 1980 e
1990, o Mato Grosso do Sul apresentou um novo e forte crescimento industrial.
Algumas cidades como Três Lagoas, Naviraí, Sidrolândia, São Gabriel do Oeste,
Campo Grande e Dourados, ganharam novas projeções no ramo de beneficiamento de
grãos, algodão, carne, leite, couro, cana e mandioca.
Atualmente o estado possui o
quarto maior rebanho bovino do Brasil, com um total de 21,4 milhões de cabeças
de gado. O estado é um grande exportador de carne bovina, mas também de aves e
suínos. Na avicultura, o estado tinha, em 2017, um rebanho de 22 milhões de
aves. Na carne de porco, em 2019, o Mato Grosso do Sul processou mais de 2
milhões de animais. O estado ocupa a 7ª posição brasileira na suinocultura,
avançando para se tornar o 4º maior produtor brasileiro nos próximos anos.
Em 2017, Mato Grosso do Sul detinha
0,71% da participação mineral nacional (6º lugar no país). Mato Grosso do Sul
produziu ferro (3,1 milhões de toneladas no valor de R$ 324 milhões) e manganês
(648 mil toneladas no valor de R$ 299 milhões).
Transportes e comunicações.
A ligação de Mato
Grosso com os restantes do país nos séculos XVIII e na primeira
metade do século XIX não era nada fácil. As principais vias de acesso eram
estradas de chão e vias fluviais. A partir dos anos 1840, o Brasil começou a
possuir suas primeiras ferrovias. Mas foi nos anos 1850 que elas começaram a
crescer no país, mas cresceu pouco na região norte. Foram construídas também
eclusas nos rios com corredeiras e quedas d’água, como nos rios Grande, Paraná
e outros.
Em 1868 chegou a
primeira ferrovia e linha de telégrafo em Paranaíba, que foi o portal para a
expansão de outras vias férreas e linhas de telégrafo no atual Mato Grosso do
Sul. Nessa época, era possível vir do Rio de Janeiro e São Paulo por trem,
hidrovia e estrada de chão ao Mato Grosso do Sul. Nos anos 1870, as estradas de
ferro Sudeste Oeste e Sorocabana fizeram a conexão de leste ao oeste do estado,
e tendo as hidrovias dos rios Paraná e Paraguai. E nos anos 1880, a Companhia
Trans Pantanal se conectou com s Sudeste Oeste, ligando a antiga capital da
Província de Mato Grosso do Sul, a cidade de Sant’ana do Parahyba ás fronteiras
da Bolívia e Paraguai. Nessa época, a capital e algumas cidades, como Corumbá,
Dourados e Alto APA (atual Antônio João) tiveram suas primeiras centrais de
energia elétrica e linhas telefônicas. O primeiro jornal impresso da província
foi Os Guaicurus em 1882.
A partir nos anos
1920 e 1930, o estado recebeu suas primeiras rodovias, como a BR 33 (atual
BR-262), BR- 34 (atual BR- 267) e outras. A primeira a ser asfaltada foi a
BR-33 até Campo Grande, e depois até Corumbá nos anos 1940. Nos anos 1950,
foram construídas as primeiras rodovias com asfalto no Pantanal, como a BR- 133
(atual BR-359) e a MS-170 de Aquidauana á Pantanalândia. Foi nessa época que
foram planejados novos municípios na planície Pantaneira, como Pantanalândia e
Paiaguás. Outras rodovias e também ferrovias foram construídas no estado.
Em 1918, o estado
recebeu seus primeiros aparelhos de rádios e estações de notícias em Campo
Grande, e depois nos outros municípios. Nos anos 1920, novos aparelhos e
estações se espalharam pelo estado, e em algumas propriedades rurais.
Nos anos 1950, o
estado começou a receber suas primeiras notícias por televisão, sendo a Rede
Tupi e a Record as primeiras emissoras do Brasil. A primeira emissora do estado
foi a TV Guaicurus em 1956, afiliada da antiga Rede Tupi (1950-1980). A segunda
Rede Sul Mato Grossense de Televisão em 1965, afiliada da Rede Globo.
Nos anos 1930, o
governo do estado de São Paulo em parceria com o governo de Mato Grosso do Sul,
construíram a Hidrelétrica de Jupiá no rio Paraná, sendo a primeira e maior já
construída entre os dois estados, fornecendo energia entre eles. Décadas
depois, outras hidrelétricas foram construídas, como a do Mimoso em Ribas do
Rio Pardo, e a Represa Primavera entre São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Atualidade.
O Mato Grosso do Sul é atualmente composto por 116 municípios, que estão distribuídos em 12 regiões geográficas imediatas, que por sua vez estão agrupadas em três regiões geográficas intermediárias, segundo a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vigente desde 2017.
Mapa atual de Mato
Grosso do Sul.
As regiões
geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da
divisão regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigas
mesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão
de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram
as microrregiões. Na divisão vigente até 2017, os municípios do estado estavam
distribuídos em onze microrregiões e quatro mesorregiões,
segundo o IBGE.
Se você gostou e quiser
doar qualquer valor para apoiar meu trabalho será bem-vindo. Deus te abençoe e
proteja.
Pix: 033 064 281 24.
Jonas Alexandre Xerém da Silva.
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