Meu nome é Dzhaks Ivan Alexandrov. Nasci em 7 de janeiro de 1906 na cidade de Kazan, Rússia. Eu e minha família éramos ortodoxos. Nessa época, a Rússia era um império governado pelo czar Nicolau II, e era mais extensa. Eu e minha família tínhamos uma vida boa e feliz. Comecei a ler e escrever aos seis anos, e dali foi crescendo meu conhecimento. A cidade de Kazan era bela e encantadora, eu conhecia várias pessoas ali. Eu e meus familiares e amigos íamos na igreja, e nadávamos no rio Volga e fazíamos piquenique no domingo, e lindas moças também. Eu gostava de ver o trem da Transiberiana passar pela cidade, e tinha vontade de conhecer a Sibéria e o Turquestão. A esposa e as filhas de Nicolau II eram lindas. E tinha o Alexei, o filho mais novo da família. Tudo ia bem na Rússia, apesar dos problemas que o governo não resolveu no país. Passaram-se alguns anos, e rompeu a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e a Rússia entrou para lutar contra a Alemanha. Meu pai não foi a luta porque foi dispensado, mas meus primos e outros rapazes da família foram chamados, e seguiram para o combate. Passavam-se semanas, meses e anos, e a guerra não acabava. Até que em 1917 ocorreu a revolução liderada por Vladimir Lenin, e a Rússia saiu da guerra. Foi nesse ano que tudo mudou. Lenin fez manifestações contra a burguesia, o capitalismo e a religião, dizendo que esses eram as causas que impediam o crescimento da população.
Com o apoio da maioria do
povo, Lenin derrubou o império instalou o comunismo da Rússia, varrendo o
capitalismo e se tornou o líder do país. Várias pessoas foram embora do país, e
ocorreu uma reforma política e econômica.
Meus parentes que foram para a guerra voltaram salvos, mas com
cicatrizes dos combates e felizes por voltarem vivos. Infelizmente, Nicolau II,
sua esposa, filho e filhas foram mortos em Ecaterimburgo, dando fim á família
monarca. Fiquei triste e abalado. Pedi a Deus para ter misericórdia das pessoas
que os mataram. Em 1922 foi criada a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas, na época, formada pela Rússia, Transcaucásia, Ucrânia e
Bielorrússia. Em 1923 consegui um emprego de ajudante na oficina de locomotivas.
Mas, em 21 de janeiro de 1924, Lenin
faleceu em Gorki devido a uma doença incurável dos vasos sanguíneos. No mesmo
ano entrei no exército e servi o ano todo.
A oposição Stalin-Trotsky ia além de um conflito pessoal pelo
poder, refletia em duas concepções diferentes do desenvolvimento do socialismo,
que foi resolvido em favor de Stalin, com o apoio de Zinoviev e Kamenev.
Marginalizado Trotsky (janeiro de 1925) a construção do "socialismo em um
só país", liderado por Stalin exigia a eliminação de adversários da esquerda e da direita, e à existência no Komintern de
uma estratégia internacional que seria compatível com os interesses do
movimento comunista na União Soviética.
Em 1925 eu comecei a estudar história, geografia e planejamentos, porque
eu sonhava em tornar a União Soviética um país melhor, como estradas, ferrovias
e outros. Em 1928 eu me formei.
Em 1927 iniciou-se a era Stalin, com planejamento econômico agressivo,
em especial, com uma varredura da coletivização da agricultura e do
desenvolvimento do poder industrial. Então acreditei que era o início de uma
nova e boa era no país, mas não. Stalin queria começar do zero. Mandou destruir
as igrejas, sinagogas, mesquitas e outros templos religiosos. Forçou as pessoas
a queimarem seus objetos religiosos enviando soldados de casa em casa.
Confiscou as propriedades, tomando as riquezas dos que tinham mais, como os
ricos por exemplo. A liberdade de expressão foi abolida, todos os jornais e
meios de comunicação foram controlados pelo estado. Pessoas opositoras do
governo foram levados para o gulags para trabalharem como escravos, ou
prisioneiros. Stalin queria um país sem ricos e nem pobres, onde todos deveriam
ter as mesmas oportunidades. Mas isso não foi verdade de fato. Eu e minha
família decidimos a não reagir com ignorância ao estado, e guardamos nossa
religião em mente. Não seria fácil viver nos próximos anos, mas pedimos a Deus
em segredo para nos dar forças e sabedoria. Mas o pior veio a acontecer.
Em 1932 e 1933 ocorreu a grande fome na Ucrânia por causa de decisão de
Stalin de fazer uma manutenção das colheitas forçadas de sementes e grãos,
devastando as terras mais ricas de trigo da União Soviética. A velha Rússia, a primeira exportadora de cereais do
mundo sob o Império Russo, se tornou definitivamente em um país importador. O racionamento urbano
restaurado em 1927 não poderia ser levantado até 1935, e presenciaram-se novas
cenas de fome em algumas regiões. Pessoas foram brutalmente torturadas e
assassinadas, até mesmo pessoas competentes e que não tinham feito nada de
errado foram condenadas á morte. Um homem foi morto só porque tinha dois
porcos. A esposa de Stalin, Nadejda Alliluyeva, cometeu suicídio em. Ela não aguentava mais viver com Stalin, e não se
conformava com a maneira cruel dele tratar o povo soviético. Por causa disso,
ela foi considerada como traidora da pátria e por abandonar Stalin. Isso
permaneceu oculto durante sessenta anos. Eu estava triste e preocupado com
minha família e o povo, e pedi a Deus para que esse pesadelo acabasse, ou pelos
menos diminuir os flagelos.
Mas tirando o lado ruim, teve o lado bom também. Stalin iniciou a
construção de novas indústrias, hidrelétricas, represas, rodovias, ferrovias,
fábricas de automóveis, tratores, etc. Um governo que não queria nenhum
desempregado. Um dos grandes projetos foi o Canal da Sibéria, cuja eu e outras
pessoas trabalhamos. Pois o objetivo era irrigar todas as regiões áridas do
país. Tinham vários livros, posters, propagandas e filmes em relação a pátria
mãe e o socialismo.
Quando tudo parecia bem, eis
que veio algo ainda pior. A pior repressão nunca conhecida antes em um país em tempos de paz, o
Grande Expurgo, também conhecido como o Grande Terror, entre 1936 e 1939 resultou
na execução de 680.000 pessoas e a deportação de centenas de milhares. Em
agosto de 1936, Stalin pessoalmente autorizou o uso da tortura nas
prisões e só proibiu novamente no final de 1938. O país então passou por
um intenso período de terror, traição e desconfiança geral, que coloca os
nervos à prova (pressão contínua que levou a suicídios) e quebra a
solidariedade amigável e familiar. Após o primeiro processo em Moscou, em
agosto de 1936, é no ano de 1937 que marca o lançamento real do Grande Terror.
Tudo estava permitido. Destruir, mentir, roubar... não tínhamos outra escolha a
não ser aguentar esse pesadelo que parecia ser eterno.
Em 23 de agosto de 1939, um
pacto de neutralidade entre a Alemanha Nazista e a União Soviética assinado
em Moscou, pelos ministros dos Negócios Estrangeiros Joachim von Ribbentrop e
Viatcheslav Molotov, respectivamente O pacto estabelecia esferas de
influência entre as duas potências, confirmadas pelo protocolo suplementar do
Tratado da Fronteira Germano-Soviético alterado depois da invasão conjunta da
Polônia. Teve uma parada militar em Moscou, e os alemães estavam lá também.
Stalin disse: “Isso não é nada mais que um jogo de influência. A Rússia
conseguirá evitar a guerra com a Alemanha durante um tempo”.
Uma semana mais tarde, em 1 de
setembro de 1939, o exército alemão invadiu a Polônia. É o início da Segunda
Guerra Mundial. Em poucas semanas, os nazistas esmagaram o exército polonês.
Mais tarde em maio de 1940, a Alemanha invadiu a França e ocupa o país em menos
de dois meses. A lei de Adolf Hitler é executada na Europa Central,
perseguindo e matando pessoas. Enquanto isso, Stalin não cruza os braços.
Aproveitando o tratado com Hitler, se apropriou de novos territórios, anexando
os países bálticos e parte da Polônia, Romênia e Tchecoslováquia. Acreditamos
que estávamos salvos. Mas nos enganamos. Hitler decide realizar seu sonho
antigo, destruir a União Soviética e o socialismo. Se tratava da Operação
Barbarossa. No dia 16 de junho de 1941, um espião de nosso país informou sobre
um ataque iminente. Stalin não acreditou. Poucos dias depois, um desertor
alemão atravessou a fronteira e avisou sobre um ataque pela manhã. Stalin
mandou fuzilá-lo.
Em 22 de junho de 1941, a Alemanha invade a União Soviética e bombardeia o país, matando várias pessoas. E o símbolo da derrota: Yakov, o filho mais velho de Stalin foi capturado pelos alemães. O país ficou em choque. Todos lendo os jornais e esperando a decisão e o discurso de Stalin no rádio. Quem fala no rádio é Molotov. Stalin praticamente se escondeu nos muros do Kremlin. Disse que estava abatido, e que destruímos o legado de Lenin. Ele não admitiu que era o único culpado pelo desastre, e como sempre criou culpados. Os milhares de soldados que se renderam viraram traidores, e suas famílias foram deportadas. E pior, Stalin proibiu os generais de evacuarem a cidade de Kiev. Como resultado, cindo dias depois, quinhentos mil soldados foram capturados pelos nazistas. O exército alemão se aproximou de Moscou, cidade foi bombardeada durante dias. As pessoas foram para o metrô para se protegerem. Alguns acreditaram que houve um golpe de estado, e que prenderam Stalin. Mas na verdade, ele também se refugiou no metrô. Seus fiéis o pressionaram para não abandonar Moscou, e apesar do perigo, decide ficar. Enquanto isso, eu estava trabalhando na construção do traçado do Canal da Sibéria no Cazaquistão, e ainda falta muito para concluir.
7 de novembro, oito da manhã.
Vários regimentos convocados por Stalin se reúnem na Praça Vermelha em Moscou
em plena tempestade de neve. Os veículos militares se preparam para a invasão
dos alemães, que poderiam atacar a qualquer momento. O discurso de Stalin
reanima as tropas: “Partidários e Partidárias, o mundo inteiro olha para nós e
esperam a destruição das hordas de invasores e saqueadores alemães. Morte á
ocupação alemã. Glória para nossa pátria, a liberdade e a independência.
Avante, sob a bandeira de Lenin, para a vitória”. Em poucos dias, as tropas
soviéticas conseguiram estabilizar o front de Moscou e avançou contra o
exército alemão. Uma das maiores batalhas foi em Stalingrado (atual Volgogrado)
em 1942, o momento crucial da segunda guerra, pois os alemães queriam seguir
para o Mar Cáspio e a região da Transcaucásia. Foi então que o general Zhukov
criou um plano de batalha. Em 16 de novembro de 1942, o exército soviético
invadiu Stalingrado com milhões de soldados, e milhares de aviões e veículos militares.
Poucas semanas depois, 300 mil soldados alemães foram capturados, e também o
marechal Von Paulus. Assim, as tropas soviéticas foram avançando e derrotando
as tropas alemães rumo a Berlim. Na Conferência de Yalta, os líderes aliados,
Churchill, De Gaulle e Roosevelt queriam ver Stalin. E com a vitória em
Stalingrado, a União Soviética estava se torando uma superpotência. E depois de
vários de batalhas, o exército vermelho estava preste a chegar em Berlim.
Primavera de 1945. Os
aterrorizantes órgãos de Stalin as Katiushas, bombardeiam Berlim a capital
alemã, lançando mísseis em menos de zero segundo. Sendo assim, a cidade foi
capturada primeiramente pela União Soviética, e depois os aliados Estados
Unidos, Reino Unido, França e Canadá. Depois disso, houve uma reunião em
Potsdam na Alemanha onde Stalin e os líderes aliados fizeram negociações, e
Stalin ficou com a metade da Europa, expandindo o socialismo naqueles países.
Finalmente no verão de 1945, os soldados voltaram para casa e reencontraram suas
famílias. Durante a guerra, muitas indústrias e fábricas foram evacuadas para
Cazã, e a cidade subsequentemente tornou-se o centro de uma indústria militar,
produzindo tanques e aviões.
Naquele mesmo ano, a URSS
lutou contra o Japão Estado fantoche japonês de Manchukuo. Os soviéticos e
os mongóis acabaram com o controle japonês em Manchukuo,
Medngjiang (Mongólia Interior), norte da Coreia, Karafuto e Ilhas
Chishima. A rápida derrota do Exército de Guangdong japonês ajudou na
rendição japonesa e no término da Segunda Guerra Mundial. As pessoas
gritaram e choraram de alegria quando os trens chegaram. Seria o início da paz?
Stalin estava na crista da
onda, governando a União Soviética a mais de vinte anos. No dia 9 de maio, houve
uma celebração pela vitória contra a Alemanha Nazista com milhares de
figurantes e desfiles de soldados e veículos militares. Eu estava lá, e assisti
tudo, até tirei umas fotos. O general estadunidense Dwight Eisenhower foi
convidado para a celebração. Mas Stalin estava debilitado de saúde. Perda de
memória, ataques cardíacos. E o mais triste, era um homem solitário. Durante a
guerra, perdeu seu filho Yakov, que tentou escapar da prisão pela cerca de arames
farpados. Stalin se recusou a trocá-lo pelo marechal Von Paulus conforme Hitler
propôs. Seu segundo filho Vasili se tornou alcoólatra. Não aceitou o namoro de
sua filha Svetlana com o judeu Alexei Kapler, e o enviou a um gulag. Também não
aceitou seu casamento com Grigory Morozov, também judeu. Infelizmente Stalin
voltou a realizar os expurgos, e os gulags nunca estiveram mais cheios, com
dois milhões de prisioneiros. E fiquei pensando, depois de tanto sofrimento que
o povo passou, a situação piorou. E perguntei se isso acabaria algum dia.
E finalmente em 1945, o Canal
da Sibéria foi concluído, fazendo os desvios dos rios Ienissei e Ob em direção
a região central soviética e Oriente Médio. E foi o início da irrigação na
URSS. A guerra tinha acabado, e o mundo pensou que estava em paz, mas... Em
1947, a URSS se torna rival dos Estados Unidos, Reino Unido e outras nações
capitalistas. É o início da Guerra Fria e o surgimento da Cortina de Ferro na
Europa.
Em 1949, em seu aniversário,
Stalin reúne em Moscou a nata de comunismo internacional, e especialmente o
líder da República Popular da China, Mao Tse Tung. Aos 70 anos, Stalin se sente
mais indispensável do que nunca. Ele disse: “O que fariam sem mim? Estão cegos
como filhos de gatos. Não veem o inimigo, o país morrerá porque não sabem reconhecer
o inimigo”.
5 de março de 1953. Dessa vez
quem acaba de morrer é Stalin. Nos jornais não aparecem detalhes. Os médicos,
apavorados com a ideia de tomar uma decisão equivocada foram fuzilados. Seu
corpo foi exposto em um salão de colunas, onde condenaram seus amigos no
julgamento de Moscou. Entre os membros do partido, a comoção é real. Alguns se
perguntaram: O que vai acontecer agora? Como vamos viver? O que acontecerá com
o nosso país? Na praça vermelha, oficiais fizeram discursos como de costume: “O
nosso professor e guia, o maior gênio da humanidade, completou o seu glorioso
caminho”. Enquanto isso no gulags, os prisioneiros se animam secretamente. No
campo de Vorkuta, no extremo norte da Rússia, os prisioneiros caíram de joelho
ao ouvir a notícia: “Que o diabo leve sua alma. Graças a Deus, hoje o homem de
bigode foi para o inferno”. Durante seu governo, o homem que prometeu um
paraíso, matou vinte milhões de pessoas. Eu não fiquei feliz pela sua morte,
mas fiquei feliz porque o grande pesadelo acabou. Agora a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas entraria numa nova era, e pelos menos haveria menos
sofrimentos ao povo. A religião era ainda proibida, mas fui grato a Deus em
secreto, porque ele me ouviu.
E então, nosso país teve um
novo líder: Nikita Khrushchov. Esta era foi marcada pelo término do sistema Stalinista, em que ocorriam
diversos exílios e sistemas de trabalhos forçados (Gulags) para os críticos do
sistema de Stalin. Nesta Era, houve a libertação de diversos prisioneiros
políticos dos Gulags, um esforço sem precedentes foi realizado para a produção
de bens de consumo, e também realizou numerosas reformas, muitas vezes citadas
como precipitadas ou contraditórias, também esteve presente o Discurso
secreto de Nikita Khrushchov, criticando o regime stalinista, e revelando os
crimes de Stálin, e seus cultos á personalidade. Era tudo que o povo queria.
Nos sentimos mais felizes e seguros.
Em 1954 fui para Moscou, eu trabalhei nos novos mapas da União Soviética, planejamentos de novas ferrovias, rodovias e também nos extremos da Sibéria. O governo estava investindo em projetos espaciais, e iniciou uma verdadeira corrida para ver quem chegava ao espaço primeiro, ficou conhecido como Corrida Espacial, gastando milhões. E finalmente em 4 de outubro de 1957, a URSS lançou o primeiro satélite ao espaço, o Sputnik 1 a partir do Cosmódromo de Baikonur no Cazaquistão. Aquilo foi histórico.
Foi o primeiro passo para a
conquista espacial, e o mundo inteiro ficou impressionado. No dia 3 de novembro
do mesmo ano, lançaram o Sputnik 2 com a cadela Laika, o primeiro ser vivo ao
espaço. Mais infelizmente nossa cadelinha morreu por superaquecimento,
possivelmente causado por uma falha que levou o motor central do foguete R-7 a
não se separar de sua carga útil. A verdadeira causa e a hora de sua morte não
foram divulgadas. Mas as tentativas de conduzir o primeiro ser humano ao espaço
continuavam em estudos. Às nove horas e sete minutos da manhã (horário de Moscou) do
dia 12 de abril de 1961, a cápsula com o foguete “Soyuz-R-7″ foi lançada de uma
plataforma em Baikonur lançando o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin. Ele teria
ainda dito: "A Terra é azul. Como é maravilhosa. Ela é incrível."
Pela primeira vez vimos a Terra, e que ela realmente é redonda. Os
estadunidenses devem terem ficados com muita inveja de nós. Poucos anos depois, Valentina Vladimirovna
Tereshkova foi a
primeira e a primeira mulher a ter ido ao espaço, em 16 de junho de 1963, na
nave Vostok 6. Enquanto os Estados Unidos somente enviavam homens. Através
dessas conquistas espaciais da União Soviética, podemos ter um mapeamento ainda
melhor do país e do mundo. E também melhorou as comunicações. Naquele ano,
ganhei uma medalha de honra pela minha contribuição no desenvolvimento da URSS.
As coisas não andavam bem no governo de Nikita. Em meio a crises
gerais, o Politburo o pressiona à renúncia, sendo sucedido por Leonid Brejnev em 1964. A União Soviética que toma Brezhnev tem uma ampla desunião
entre os países mais próximos, uma crise profunda com a China, uma relação
volátil com os Estados Unidos e uma situação interna controversa com
relação ao nome de Stalin. Eu não concordei com a saída dele no governo, para
mim, ele tirou toda a sujeira que estava por baixo do tapete. Mas falei isso em
secreto. Eu gostava de ouvir algumas músicas, como Centeio Dourado (Golden Rye)
de Leonid Kharitonov. E também o Coro do Exército Vermelho O som das Planícies,
e outras.
Infelizmente, anos depois,
nosso Yuri Gagarin nos deixou. Em 27 de março de 1968, durante um voo de treino
de rotina em um caça MIG-15 sobre a localidade de Kirzhach, ele e o instrutor
de voo Vladimir Seryogin morreram na queda do jato, num acidente nunca
devidamente explicado. Em 20 de julho de 1969, os Estados Unidos nos
ultrapassaram levando o primeiro homem a lua, Neil Armstrong.
Brezhnev toma
a União Soviética em uma difícil situação após a gestão contraditória de
Khrushchov, com os países mais próximos em meio à instabilidade, uma situação
tensa com a República Popular da China, relações inconstantes, ora
apocalípticas, ora amistosas com os Estados Unidos, a resistência da Iugoslávia
ao Pacto de Varsóvia e uma divisão política dentro do partido. Brezhnev
tentaria reabilitar o nome de Stalin, que não era pronunciado pelos líderes
soviéticos havia quase dez anos, mas não conseguiu, uma vez que as autoridades
e o povo ficaram divididos pelo que dissera Khrushchov a respeito de Stalin.
Por outro lado, a simbologia comunista na época de Stalin, incluindo
propagandas políticas, paradas militares, a expulsão de críticos ao regime e o
próprio culto à personalidade, em menor escala, foram uma das principais
características do regime de Brezhnev.
Em 1975 aconteceu um evento que marcou a história, a Apollo–Soyuz. Foi uma missão conjunta do Projeto Apollo e do programa espacial soviético que efetuou uma acoplagem em órbita da Terra de uma espaçonave dos Estados Unidos com uma da União Soviética. O propósito principal desta missão era simbólico, integrante da política da détente da época, que visava a melhorar as relações entre as duas superpotências, o que começava a acontecer naquele período da Guerra Fria, e colocar um fim nas tensões da corrida espacial. Foi então que o capitalismo e socialismo fizeram, digamos, as pazes. A partir de então, a União Soviética e alguns países socialistas começaram a seguiram algumas coisas do capitalismo, como: comida, moda, música, tecnologia, filmes e empresa. E sem falar das lindinhas dos Estados Unidos e Brasil. Nessa época, a União Soviética teve novos países socialistas aliados: Angola, Moçambique, Birmânia e Afeganistão.
E quando pensamos que a URSS não entraria em outra
guerra, eis o que aconteceu.
Entre 10 e 20 de março de
1979, a guarnição militar de Herat, liderada por Ismail Khan, rebelou-se e
350 conselheiros militares soviéticos e suas famílias foram mortos. Em resposta,
a URSS bombardeou a cidade, causando destruição maciça e milhares de mortes.
Depois, a cidade foi retomada com um ataque de tanques e paraquedistas. Esta
medida desproporcional causou divisão nas fileiras do partido e alimentou a
rebelião, que agora lutava contra um "governo tirânico e fantoche" da
URSS. E foi o início de uma longa guerra.
No dia 19 de julho de 1980,
Moscou, a capital da URSS sediou as olimpíadas, a primeira do país. Mas não foi
uma boa olimpíada. Por causa da invasão feita ao Afeganistão pelo nosso país,
houve boicotes nos jogos e alguns países como Estados Unidos, Argentina e
outros não foram nos jogos. A União Soviética não ignorou o fato, e durante as cerimônias de
abertura e encerramento foram apresentadas várias indiretas ao boicote
ocidental.
Na cerimônia de abertura dos jogos, o presidente
soviético Leonid Brejnev lamentou a interferência política em eventos criados
para sustentar a paz, enquanto isso, durante o discurso, os painéis espelhados
formavam uma mensagem pacífica О спорт, ты - мир!, em português: "Ó,
esporte, tu és o mundo!" Mas a União Soviética foi muito bem nos jogos,
ficando em primeiro lugar com o total de 195 medalhas. Na cerimônia de
encerramento, a audiência esperava pelo hasteamento da bandeira soviética (país
sede), grega (país olímpico) e a estadunidense (próximo país sede), mas pelo
fato de a delegação dos Estados Unidos não ter comparecido, a bandeira da
cidade de Los Angeles foi hasteada no lugar da bandeira americana e no lugar do
hino estadunidense, foi tocado o hino olímpico.
A famosa cena do choro do mascote Misha também foi uma das indiretas, já que o ursinho lamentava a ausência das delegações que participavam do boicote. Aquela cena foi emocionante.
Em 10 de novembro
de 1982, Leonid Brezhnev morre inesperadamente em
decorrência da ingestão de pentobarbitais, sendo sucedido pelo ex-agente secreto Iuri Andropov,
que daria início a uma reforma política no país, interrompida por uma séria
doença que o levou à morte, em 1984. Konstatin Chernenko, homem de
confiança de Brejnev, abriu mão da aposentadoria e assumiu a presidência da
URSS, mesmo idoso e doente. Após um ano de governo, Chernenko é internado às
pressas e morre no início de 1985, representando o fim de uma geração de
políticos soviéticos, caracterizados por manterem uma conservadora. Sucederia lhe
no cargo o jovem Mikhail Gorbatchov, contando com um Politburo mais jovem,
liberal e flexível.
O bom relacionamento
com os membros do partido e a habilidade política foram fatores que
credenciaram Gorbatchov a assumir o posto mais importante na hierarquia
administrativa soviética. Defensor de ideias modernizantes, instituiu dois
projetos inovadores: a perestroika (reconstrução econômica) e a glasnost (transparência
política). A tentativa de modernização acelerada da perestroika e
da glasnost viria como proposta "salvadora" de
Gorbatchov, mas não conseguiria mais reverter a crise.
Em 26 de março de 1986, ocorreu um acidente no
reator nuclear nº 4 da Usina Nuclear de Chernobil, perto da cidade de Pripiat,
no norte da Ucrânia Soviética, próximo da fronteira com a Bielorrússia
Soviética. O incêndio causado pela explosão foi contido apenas em 4 de maio de
1986. As plumas de produtos de fissão lançadas na atmosfera pelo
incêndio sobre partes da União Soviética e da Europa Ocidental. O inventário
radioativo estimado que foi liberado durante a fase mais quente do incêndio foi
aproximadamente igual em magnitude aos produtos de fissão aerotransportados
liberados na explosão inicial. De 1987
em diante, a União Soviética enfrentou problemas econômicos, e começou a faltar
alimentos nos mercados. As pessoas até brigavam por causa da comida. O ano de
1989 viu as primeiras eleições livres no mundo socialista, com vários
candidatos e com a mídia livre para discutir. Ainda que muitos partidos
comunistas tivessem tentado impedir as mudanças, a perestroika e a glasnost de
Gorbachev tiveram grande efeito positivo na sociedade. Assim, os regimes
comunistas, país após país, começaram a cair. A Polônia e a Hungria negociaram
eleições livres (com destaque para a vitória do partido Solidariedade na
Polônia), e a Tchecoslováquia, a Bulgária, a Romênia e a Alemanha
Oriental tiveram revoltas em massa, que pediam o fim do regime socialista as
chamadas Revoluções de 1989. Naquele mesmo ano, a URSS perdeu a guerra no
Afeganistão e retirou as tropas no dia 15 de fevereiro.
E na noite de 9 de novembro de 1989 o Muro de Berlim começou a ser derrubado depois de 28 anos de existência. Em 1990, a Alemanha foi reunificada. Eu fiquei feliz por isso, o povo alemão sofreu por décadas por causa da divisão. Enquanto isso, a União Soviética passava por maus e piores momentos. Em 19 de agosto de 1991, um dia antes de Gorbachev e um grupo de dirigentes das Repúblicas assinarem o novo Tratado da União, um grupo chamado Comité Estatal para o Estado de Emergência tentou tomar o poder em Moscou. Em 21 de agosto de 1991, a grande maioria das tropas que foram enviadas a Moscou se colocam abertamente ao lado dos manifestantes ou são desertores. O golpe falhou e Gorbachev, que tinha atribuído à sua residência dacha na Crimeia, regressou a Moscou. Algumas repúblicas soviéticas na parte europeia então começaram a declarar independência. E então, o dia mais triste chegou...
No dia de natal de 1991, em cerimônia transmitida por
satélite para o mundo inteiro, Gorbatchov que estava há 6 anos no poder declara
oficialmente o fim da URSS e renúncia a presidência do país e após isso, a
bandeira com a foice e o martelo é retirada do Kremlin e a bandeira russa é
colocada em seu lugar. A União Soviética se dissolveu oficialmente em 31 de
dezembro de 1991, após 69 anos de existência. A Federação Russa ficou conhecida
como sua sucessora, pois ficou com mais da metade do antigo território
soviético, além da maioria do seu parque industrial e militar.
Foi então que lembrei do encerramento das olimpíadas, quando o ursinho Misha chorou e se despediu. Aquilo na verdade era um adeus á União Soviética, estava previsto o fim do país.
E essa foi a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o maior país do mundo, formada por diversos povos, como os russos, tártaros, adiguésios, iakútios, uzbeques, estonianos e outros mais. As diversas paisagens, florestas, os Urais, a Sibéria, o rio Lena, as belas estepes do Turquestão, as montanhas da Caucásia, Tajiquistão e Quirguistão, a imensidão do Oceano Ártico, as belas cidades como Moscou, Leningrado (atual São Petersburgo), Vladivostok e Kiev. As extensas ferrovias, as estradas, as belas lavouras, os monumentos e outras maravilhas. Agora a URSS ficou no passado, alguns sentiram falta, outros não. Mas, eu queria que ela continuasse, desde que tivesse liberdade de religião, expressão e outros. Enfim, cumpri minha missão. Agora só me resta sonhar para reencontrar no céu todos aqueles que sofreram e morreram nos gulags, e os que tiraram a própria vida para se livrar daquele pesadelo.
Salve a Rússia. Salve os povos da Terra.
Dzhaks Ivan Alexandrov faleceu em 12 maio de 1993.
Dzhaks é um personagem fictício que eu criei. Quer dizer Jaxs,
que são as iniciais do meu nome. O Canal da Sibéria é ficção também.
Pix:
033 064 281 24. Jonas Alexandre Xerém da Silva.